Maria Rosa “Ducha” Gonçalves procurou o Mindelinsite para denunciar o sofrimento atroz da filha, Jaqueline Gonçalves Andrade, de 29 anos, que desde os quatro sofre de fortes dores de cabeça. O desespero desta mãe é ainda maior porque, diz, hoje a filha tem vindo a perder a visão e está com os olhos inflamados, e nada pode fazer para minimizar a sua dor. “Minha filha precisa ser evacuada com urgência. Já perdeu cinco consultas na Praia porque nunca emitem a passagem, que deve ser custeada pelo Ministério da Saúde porque ela é cadastrada”, desabafa.
De acordo com Ducha Gonçalves, o sofrimento da filha Jaqueline começou quando esta era uma criança de apenas quatro anos. Na altura, ela queixava-se de dores de cabeça fortes e frequentes e, quase sempre, iam parar ao hospital. À medida que os anos foram passando, as crises só aumentaram e hoje é doloroso de ver. “Levo a minha filha para o hospital e saio de lá com uma receita de comprimidos para dor nas mãos. Minha filha cresceu com dores e continuam. Mas agora as dores são atrozes, inclusive muitas vezes ela grita muito e depois perde os sentidos durante as crises.”
Desesperada, conta Maria Rosa, pediu ajuda à Câmara Municipal e conseguiu fazer uma TAC na Clínica Medicentro. “A médica que fez a TAC explicou-me que o problema da minha filha é na vista. Fomos encaminhados para o Serviço de Oftalmologia do Hospital Baptista de Sousa. Minha filha foi examinada e explicaram que o seu tratamento só pode ser feito em Portugal ou na Praia. Fizeram uma marcação de consulta na Praia. Desde então, já foram cinco marcações, sendo que a última era na terça-feira, mas ela perdeu todas as consultas porque não emitiram a passagem para ela viajar”, desabafa.
Inconformada, Ducha decidiu questionar sobre os motivos para não emissão da passagem, sendo que a filha todas as vezes já estava com a consulta marcada, e limitaram a informar-lhe que esta não foi enviada da Praia. “Não sei mais a quem recorrer. Fui nos Assuntos Sociais e disseram-me que são chamados apenas nos casos de evacuação internacional. No caso da minha filha, ela está no Cadastro Social e, como a evacuação é para Praia, a responsabilidade é do Ministério da Saúde. Infelizmente, mas não fazem nada. Enquanto isso, o seu estado vai-se agravando. Não sei o que fazer.”
Apesar de mais este percalço, a quinta consecutiva, esta mãe diz não desanimar e promete continuar a lutar pelo menos até que a filha tenha o tratamento que merece. “Vou continuar a bater em todas as portas possíveis. Sempre que conseguem marcar uma nova consulta, na véspera vou saber como vai ser e dizem-me que a passagem ainda não chegou. Já perguntei-lhes o que posso fazer para agilizar o processo, mas lá no Serviço de Oftalmologia dizem que não sabem aonde me encaminhar. Foi por isso que decidi recorrer à imprensa para fazer uma denúncia e ver se consigo ajuda.”
Recentemente, conta, foi pedir ajuda a uma outra instituição social, sediada em S. Vicente. Lamentaram a sua aflição, mas a preocupação maior era que a denúncia pública vai afectar a imagem da ilha. “Neguei que esteja a prejudicar a ilha. Mas fiz questão de dizer-lhes que a minha prioridade é a minha filha. Estou a correr atrás de ajuda porque já não suporto ver o sofrimento de Jaqueline Gonçalves Andrade, até porque os comprimidos que lhe são receitados no hospital já sequer fazem efeito”.
O Mindelinsite tentou ouvir o Ministério da Saúde, através da sua assessoria de imprensa por telefone e email, mas até a publicação desta notícia não tivemos qualquer retorno.