Ocorrências com um adolescente com necessidades especiais na Escola Técnica do Mindelo estão a dificultar o retorno do mesmo a este estabelecimento público de ensino neste novo ano lectivo. A mãe relata que tem tentado reativar a matrícula do filho, que ela decidiu cancelar no mês de janeiro, mas a direção negou-lhe esse direito, recusa que ela considera um acto de discriminação e de exclusão social. Para a educadora, a escola tomou essa decisão devido a uma série de episódios violentos que envolveram o aluno do oitavo ano, mas entende que o filho tem direito a continuar os estudos.
“Como estavam a acontecer várias situações complicadas com o meu filho na escola, resolvi anular a sua matrícula para afasta-lo de um ambiente hostil para a sua pessoa. Na minha cabeça estava a agir da forma mais correcta, até porque fui informada de que poderia reativar a matrícula neste ano”, relata LD, nome que escusamos revelar visto que a situação envolve um jovem que tem dificuldades de se expressar através da fala. O caso mais delicado, prossegue, aconteceu quando descobriram que o filho tinha uma faca escondida na sua mochila. Uma situação que provocou alarme e obrigou a direção da Escola Técnica a acionar a Polícia Nacional.
“Admito que a situação é sensível porque jamais ele deveria levar uma arma para a escola. Nesse caso, em vez de acionarem os agentes do programa Escola Segura, enviaram agentes normais, que levaram o meu filho para a Esquadra. Ele não foi preso numa cela, mas foi aberto um processo e enviado para o Tribunal”, comenta a mãe, acrescentando que ainda o Tribunal não se pronunciou.
Entende a mãe que o adolescente passou a ter atitudes violentas para ripostar a actos de bullying praticados por colegas. Conta que o filho chegou inclusivamente a ser agredido com socos na cabeça e pancadas na genital que o deixaram revoltado. Acha, aliás, que esse episódio é que terá estimulado o jovem a levar a faca para a escola. “Enquanto ele era a vítima estava tudo bem; quando resolve reagir passa a ser alvo de queixas”, desabafa a mãe. Salienta que o filho, que vai completar 18 anos, costuma relacionar-se normalmente com amigos nas zonas de Alto Fortim e Ribeira d’Julião, mas tinha outro tipo de comportamento na escola.
O jovem, segundo a mãe, tem problemas de linguagem, que o impedem de falar, e já teve consulta com uma fonoaudióloga, uma psicóloga e neuropediatra. LD assegura que tem feito de tudo para ajudar o filho em termos clínicos e que é uma mãe presente na escola. O seu objectivo agora, diz, é voltar a matricula-lo, de preferência na Escola Técnica do Mindelo, onde chegou a frequentar dois anos lectivos.
Segundo LD, tratou esta questão com a psicóloga do filho e o responsável da Sala de Recursos, ou seja, não chegou a contactar directamente a direção da escola. Mas ficou a saber que o estabelecimento indicou outras opções para o adolescente continuar a estudar, o que não a agradou. Acha, por isso, que a Escola Técnica está a cometer um acto discriminatório contra o filho. Relembra que há alunas grávidas e estudantes mais velhos que ainda continuam a estudar. Logo, diz, quer ver o seu filho de regresso às aulas.