O Ministério do Mar manifestou a sua disponibilidade em ajudar na concretização de um projecto para reduzir substancialmente a agressão ambiental na enseada de coral da Lajinha, provocada pela enxurrada da chuva e o depósito nessa baía de salmoura e sedimentos provenientes da Electra. Esse compromisso foi assumido durante uma reunião entre o ministro Abraão Vicente e o docente Guilherme Mascarenhas, mentor dessa iniciativa e conhecido ecologista promotor da importância da vida marinha existente nessa pequena praia.
Nesse encontro, o governante foi informado que a enseada tem 11 espécies endémicas e que carecem de uma intervenção urgente para serem salvas da extinção. Segundo Guilherme Mascarenhas, a situação é tão preocupante que se está neste momento perante um caso de emergência ambiental. O ecologista afirma que os corais estão a morrer por conta dos sedimentos e do aumento drástico de algas nessa zona. Para minimizar o impacto, conta, ele e amigos têm estado inclusivamente a limpar as superfícies dos corais à mão.
Este docente da UniCV lembra que já houve promessas de desvio das condutas que canalizam a água da chuva para esse recanto da Lajinha, mas que demoram a ser concretizadas. Descrente, decidiu partir para a elaboração de um projecto de salvaguarda da enseada, com o apoio de um engenheiro, estando disposto a procurar financiamento para a obra. Um esboço do percurso das condutas já está pronto.
Segundo Guijó Mascarenhas, resolveu tomar a iniciativa ao saber que uma professora portuguesa de biologia quis apresentar um projecto orçado em 5 mil contos para fazer um estudo de impacto da água da chuva nos corais. “Pensei comigo mesmo que esse dinheiro dava para resolver parte considerável do problema e não apenas para financiar um estudo de impacto ambiental. Podemos conseguir 10 mil contos – valor que estou a atirar para o alto – e conseguir o desvio das condutas que estão a ajudar a afectar o equilíbrio nesta enseada”, revela o ecologista.
Guilherme Mascarenhas decidiu ainda canalizar 90 por cento da venda da segunda edição do livro Enseada de Coral da Lajinha para ajudar no financiamento do projecto. A obra está a ser ultimada para lançamento e, segundo o autor, na segunda edição aumenta a quantidade de espécies marinhas identificadas nessa baía de 421 para 500.
Tendo em vista o andamento do projecto de preservação da enseada, Guilherme Mascarenhas deverá realizar em breve uma reunião com o administrador da Electra Norte. Isto porque, lembra, a empresa tem um papel fundamental nesse processo por conta da salmoura e dos detritos da limpeza de filtros que despeja no mar. A intenção é desviar esse despejo para a ponta da Cabnave, onde a água é mais profunda e tem mais correnteza. Conseguindo-se isso, Guilherme Mascarenhas acredita que parte substancial da agressão ambiental seria neutralizada. Restam depois os tais “canhões de lama”, que canalizam as enxurradas vindas de Chã d’Alecrim para essa baía, e que serão encaminhados para a ponta do esporão construído na praia da Lajinha.
Ciente da urgência dessas intervenções, Guilherme Mascarenhas espera ver o projecto iniciado ainda este ano. Explica que só pode iniciar a procura de financiamento quando o mesmo for aprovado e orçado. Acredita que os ministérios do Mar e do Ambiente, emigrantes e entidades internacionais estarão na disponibilidade de financiar a obra.