José L. Neves manifesta “certa frustração” com arquivamento do processo do atentado contra a sua vida, na cidade da Praia

O economista José Luís Neves confessou no seu Facebook ter sentido uma “certa frustração” ao ler o comunicado da Procuradoria-Geral da República que declarou o arquivamento do processo sobre o atentado contra a sua vida ocorrido no dia 30 de dezembro de 2014, na cidade da Praia. Na data, o filho do então Primeiro-ministro José Maria Neves foi alvo de vários disparos de pistolas calibres 7,65mm e 9 mm, tendo sido atingido por 4 balas à porta da sua residência no Palmarejo. Decorridos quase 11 anos, as investigações do Ministério Público não deram em nada, o que levou a PGR a “selar” o caso.

Esta decisão deixou a vítima inconformada e a gritar por justiça, como expressa num post. “Porque é óbvio que, quando alguém vive o inferno que vivi, deseja que tudo seja esclarecido, deseja saber a verdade e ver a justiça feita”, desabafa a vítima, que começa o seu texto salientando que, com base nos acontecimentos, foi muita sorte estar hoje vivo para poder ler o comunicado da PGR. Isto porque, enfatiza, há 10 anos alguém quis que ele morresse e perpetrou contra a sua pessoa um “violento atentado a tiro” quando estava à porta da sua casa. “Mas, Deus não quis assim, não quis que eu partisse ainda…! E cá estou. Milagrosamente, mas sim!”, redigiu o economista, que foi socorrido e submetido a uma cirurgia no hospital Agostinho Neto.

Segundo José Luís Neves, tem tentado ser forte durante todos estes anos porque não tem palavras para descrever o sofrimento por que passou. “É inenarrável”, afirma. Acentua que continuar a viver era improvável e quase não foi possível. “Contudo, com altos e baixos, acho que tenho conseguido, pese embora, não raras vezes ´é sufri kaládu, aguenta dor internu, mostra rostu kontenti e fingi nada ka pássa…´, como cantou Beto Dias.”

Ficar sem saber a verdade sobre esse acto, diz o filho do actual Presidente da República, é viver o resto da vida com as dúvidas e os questionamentos. E a grande questão, diz, é saber por que razão alguém quis tirar a sua vida e de forma brutal. “E o mais doloroso é continuar a confrontar-se com as especulações, as inverdades, as calúnias e as difamações dos mais mal-intencionados”, desabafa.

O economista acha muito provável que os autores do atentado possam estar neste momento a ler o seu post e acha até possível que já tenha cruzado com os seus algozes algures durante este tempo. Dirigindo-se a essas pessoas, autores morais e materiais do crime, deixa claro que no seu coração não habita rancor, ódio e desejo de vingança, mas apenas amor, perdão e o desejo da verdade e da justiça. Assegura estar sereno, vivo, tranquilo e em paz e diz fazer votos que o mesmo esteja a acontecer com quem tentou acabar com a sua vida.

Sobre este caso, a PGR informa que foram realizadas diversas diligências investigativas, nomeadamente inspeções judiciárias, interrogatório de suspeitos, inquirição de testemunhas, buscas domiciliárias, apreensões, vigilâncias, escutas telefónicas, exames periciais, mas sem sucesso. Deste modo, a instrução do processo foi declarada encerrada no dia 2 de julho deste ano e ordenado o arquivamento dos autos. Salienta, entretanto, que as investigações poderão ser retomadas se surgirem novos elementos de prova que invalidem os fundamentos invocados pelo Ministério Público no despacho de arquivamento.

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