Guardas prisionais aprendem técnicas e táticas para abordar situações de desordem e resistência na Cadeia da Ribeirinha

Duas dezenas de agentes prisionais da Cadeia Central da Ribeirinha em São Vicente, incluindo três mulheres, receberam esta manhã certificados de capacitação em procedimentos de segurança e acções táticas em áreas edificadas/confinadas. Na ocasião, os formandos fizeram uma demonstração das técnicas e táticas inovadoras e de padrão internacional, ministradas pelo instrutor português Hugo Matos, da OSD – Operation Sapiense Defense.

Em declarações, Vanda Gomes, directora deste estabelecimento prisional, realçou a importância desta formação que, afirmou, veio dotar os agentes de ferramentas necessárias para segurança e situações mais complicadas na cadeia. Frisou ainda a oportunidade para o seu pessoal acompanhar a evolução a nível de segurança em Cabo Verde e lá fora. “Segurança é uma área que deve ser constantemente reciclada para que os nossos agentes prisionais possam acompanhar as inovações neste sector”, declarou, reconhecendo que, na cadeia, há sempre situações que podem levar à desordem, mas nada de alarmante. “Vivemos um ano e meio de muito trabalho e stress onde tivemos de ligar com as frustrações, falta de contacto e apoio da família dos reclusos. E somos nós, também, privados da liberdade e muitos desejos, que diariamente fazemos com que os reclusos enfrentem esta situação pandémica”, exemplificou.

Directora Vanda Gomes, formador Hugo Matos e formando

Também o formador Hugo Matos se mostrou agradada com a oportunidade de acumulação de novas aprendizagens e mais sapiência para as forças de segurança, nomeadamente para os agentes prisionais. “Esta formação desenrolou-se em dois dias, no total de seis horas. Focamos naquilo que chamamos de técnicas de procedimentos de acções directas com pessoas perigosas, agressivas, descompensadas ou desequilibradas. Fizemos um trabalho técnico e tático para colocar não só os agentes do Mindelo, mas penso de todo o Cabo Verde ao nível e ao topo do mundo”, esclareceu.

Matos elogiou a resiliência, empenho e vontade de aprender dos agentes, diferente de muitos outros países onde já esteve. “Os agentes aqui não tinham vícios. Foram excelentes formandos. A directora da cadeia entregou-me os vossos corpos e trabalhei-os da melhor forma. E a evolução notou-se logo na primeira hora. Rapidamente entendemos que estavam preparados para fazer este avanço, para conseguirmos ser cada vez melhor e desempenhar as funções que estão incumbidas. Vocês estão a mais tempo a viver entre muros, como reclusos, do que a maioria das pessoas entendem,” acrescentou, destacando a fragilidade, sensibilidade e vulnerabilidades com que os agentes se debatem diariamente.

Demostração técnica de imobilização

Enquanto porta-voz dos formandos, Manuel Lopes destacou o facto da formação ter sido apensas de reciclagem, mas sim de aprendizagem. “A maior parte dos agentes já passou por uma ou outra formação. Aprendemos aqui técnicas novas para aplicar no nosso dia-a-dia. Sabemos que a cadeia não é um mar de rosa. Temos reclusos com algum desequilíbrio. Neste momento, estamos no ano segundo ano de pandemia e os reclusos estão a passar por uma situação complicada, de stress. Neste contexto, esta formação veio em boa hora porque, sabemos agora como aplicar a nossa aprendizagem, consoante as situações. Sabemos como abordar um recluso violento, com periculosidade, mas também um com algum distúrbio. As técnicas que recebemos aqui vão nos ajudar muito”.  

Refira-se que, a par da Cadeia da Ribeirinha, Hugo Matos também ministrou formações na 1ª Região Militar relativa a protecção pessoal dos militares, diplomatas e outras pessoas de cariz político, e também na Polícia Nacional.

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