Faleceu D. Zezinha da Casa de Criança, a primeira educadora de infância de C. Verde

Faleceu na madrugada deste domingo em São Vicente, Zezinha Mascarenhas, a primeira educadora de infância de Cabo Verde. Tinha 89 anos. 

Era conhecida por Dona Zezinha da Casa de Criança, onde exerceu funções desta a sua inauguração, em 1962, como educadora de infância e permaneceu até a sua aposentação.  Foi o primeiro jardim infantil de São Vicente, localizado na zona da Ribeira Bote, escreve a filha numa curta publicação. “A minha mãe abraçou a sua carreira como educadora infantil e mãe. Foi mãe de muitas crianças e a sua profissão foi vivida com dedicação e em prol de crianças mais desfavorecidas. A ajudou muitas crianças que os pais não podiam pagar a propina mensal”, escreve Maria João St’ Aubyn Mascarenhas. 

Esta destaca a faceta amiga e lembra que fazia boas amizades com os seus amigos. “Gostava de ajudar os mais necessitados desde jovem na Janela, Santo Antão onde viviam meus avós maternos. Teve um desempenho brilhante como educadora e diretora da Casa da Criança. Deixou nos em Dezembro, uma época de união familiar e amor”, lamenta, realçando que muitos que passaram pela Casa da Criança no tempo de Zezinha guardam com saudade a cidadã que deu o seu melhor em prol da educação infantil.

Em declarações ao Salvador Mascarenhas, para o Sokols 2017, D. Zezinha lembrou as dificuldades que enfrentavam da altura. Mesmo assim, faziam questão de celebrar o Dia das Crianças. “Fazíamos jogos e oferecia um lanche mais completo para as crianças, com ajuda dos encarregados de educação. Havia música porque as crianças gostavam de dançar e passávamos um dia feliz.”  

De inicio, frisou, as crianças não pagavam mensalidades. Mas, com o advento da independência, passaram a pagar, consoante as possibilidades. “Havia muitos pedidos para frequentar a Casa de Crianças, sobretudo de Fonte Filipe e Ribeira Bote. Mais tarde foram criados os centros na ilha de Madeira e Campim. Mas a Casa da Criança era a minha casa e a minha família.”

Era uma mulher muito dinâmica, que só abrandou as suas atividades com o avançar da idade, sobretudo depois que ficou mais limitada em uma cadeira de rodas.

Zezinha era viuva Francisco Mascarenhas, que se envolveu em atividades políticas e foi acusados de atividades reacionárias. Foi preso pelas Forças Armadas portuguesas e encarcerado no Campo do Tarrafal apenas sendo libertado aquando da Independência. Durante anos colaborou nas revistas Claridade, Cabo Verde – Boletim de Propaganda e Informação, O Arquipélago, Terra Nova, Ponto & Vírgula, Notícias, Montanha, A Semana, de entre outros.  Faleceu em 2016, com 87 anos.    

Neste momento de dor, aos filhos – Maria João, Guilherme, Ana Sofia e Salvador Mascarenhas – o Mindelinsite endereça as mais sentidas condolências.

Sair da versão mobile