O director da Escola Técnica do Mindelo confirma que a direção do estabelecimento decidiu negar a matrícula do adolescente com necessidades especiais devido ao seu histórico de violência. Em reação ao desabafo da mãe, Donaciano Oliveira enumerou uma série de ocorrências cometidas pelo aluno, tendo ele próprio testemunhado algumas cenas. Segundo o director, trata-se de um jovem bastante agressivo e diz duvidar se as escolas secundárias estão preparadas para lidar com o seu comportamento.
“Eu mesmo já o vi a agredir alunos a pontapés, de propósito. Atingiu um colega com um soco no nariz, que ficou a sangrar e foi levado ao hospital. Além disso, tropeçou uma aluna na estrada, que caiu e quase foi atingida na cabeça pela roda de um autocarro. No dia seguinte, o pai esteve cá a confrontar a direção com essa ocorrência. Ele costumava apanhar ramos de tamareiras para agredir outros estudantes. E temos ainda a situação mais grave, que foi o facto de ele ter trazido para a escola uma faca escondida na mochila”, ilustra. O responsável da escola salienta ainda que o jovem começava a comportar-se de forma inusitada por estar a entrar na fase da puberdade.
“A nossa escola foi sempre inclusiva e goza de grande reputação. Temos sido cada vez mais procurados por pais com filhos que precisam de cuidados educativas especiais porque tornamo-nos numa referência. Temos casos de alunos que já se formaram no ensino superior”, relata Donaciano Oliveira.
No caso específico, acha que a mãe não deveria estar a apontar o dedo à Escola Técnica porque, diz, ela sabe que o filho foi sempre acarinhado. Segundo o director, o aluno foi matriculado pela primeira vez em 2022/23, no 7. ano, a pedido da Sala de Recursos (actual Equipa Multidisciplinar de Apoio à Educação Inclusiva – EMAEI) e nessa altura não tinha quaisquer referências sobre o estudante.
As coisas começaram a mudar de figura quando, afirma, os professores começaram a notar o seu comportamento, marcado por actos de violência. A partir dessas ocorrências, segundo Donaciano Almeida, recolheram informações sobre o aluno para saberem como lidar com a sua particularidade. Reconhece, no entanto, que não tiveram sucessos com esse caso. Salienta que o aluno teve várias passagens pelo Conselho de Disciplina e muitas vezes faltava as aulas para ficar a vaguear pelas ruas.
“Ele criou-nos uma série de constrangimentos que agora nos impedem de aceitá-lo de volta. Aliás, fomos contactados pelo coordenador da EMAEI para saber se poderíamos aceitar a sua matrícula e a nossa resposta foi negativa”, reforça o director da Escola Técnica, para quem a instituição de ensino não pode “incluir” um aluno e “excluir” dez ou vinte.