Cabo Verde tem mais de três mil pessoas a viver o VIH-Sida, sendo 0,7% são mulheres e 0,4% homens, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, através da Comissão de Coordenação do Combate ao VIH-SIDA (CCS-SIDA). A epidemia no país é, entretanto, considerada do tipo concentrado, com o registo de prevalência à volta de 0,6%.
Por ocasião de mais um Dia Mundial de Luta Contra o Sida, 1 de Dezembro, e que este ano se assinala sob o lema “Deixem as comunidades Liderarem”, é relevante dizer que a taxa de prevalência “estagnou-se” nos 0,6% no país, de 2019 a 2023, segundo dados oficiais. Desses, 0,7% são mulheres e 0,4% homens, confirmando a tendencia de feminização do HIV em Cabo Verde devido a factores como desigualdade de género, pobreza; violência doméstica e sexual e violação dos direitos humanos.
Este levantamento revela ainda que 2,3% das pessoas afectadas têm deficiência, 3,1% usuários de drogas, 4,6% profissionais do sexo e 6,1% entre os homens que fazem sexo com homens. Em comunicado, o executivo, através da CCS-Sida, garante que todos os casos testados VIH positivos são tratados com antirretrovirais, independentemente do valor da contagem dos linfócitos TCD4. “O seguimento é assegurado nos Centros de Saúde, por uma equipa multidisciplinar constituída por médico, enfermeiro, psicólogo/a, assistente social e farmacêutico, muitas das vezes acompanhados pelos pares Educadores das Comunidades”, assegura. .
Consciente de que não depende de um momento, mas de um movimento, a mensagem “Deixe as comunidades liderarem” não soará apenas um dia, diz ainda o governo, sublinhando que, por isso, este lema estará no centro das ações que serão realizadas para por fim ao VIH. Neste âmbito, o Ministério da Saúde propõe o reforço de atividades de prevenção, diagnóstico, comunicação e informação, no seio das comunidades, para que possam assumir a liderança nesta luta, e sentir que o fim da Sida é possível.
“As organizações comunitárias que vivem com o VIH, em risco de contraí-lo ou que foram de outra forma afetadas pelo vírus estejam na linha da frente da luta para fazer progressos na resposta ao VIH, ciente de que ligam as pessoas a serviços de saúde pública, criam confiança, inovam, monitorizam a implementação de políticas e serviços e responsabilizam os prestadores”, pontua, acrescentando que, havendo a continuidade de parcerias financeiras, as organizações lideradas pela comunidade podem proporcionar um impulso ainda maior à resposta global ao VIH, avançando para o fim da SIDA.
A secretaria executiva do CCS/Sida revelou, à Inforpress, que Cabo Verde registou 315 novos infecção por VIH até Setembro e realizou 23 mil testes. Segundo Cristina Ferreira, estima-se que cerca de quatro mil pessoas convivem com a doença no país. “A heterossexualidade continua a ser a forma mais frequente em termos de contágio. No entanto, as relações entre dois homens têm prevalecido mais, sendo que em cada cem diagnosticado se encontram dez que vivem com VIH”, detalhou.
Entre os usuários de drogas, em cada cem pessoas três são diagnosticados com a doença. Já entre os profissionais do sexto, em cada 100, quatro têm VIH, disse, acrescentado que a maior parte das pessoas infectadas vivem na ilha de Santiago e na cidade da Praia, mais concretamente, que este ano acolhem as atividades centrais do Dia Mundial de Luta Conta a SIDA.
Em São Vicente, a Delegacia de Saúde reuniu vários parceiros – CCS-Sida, Associação de Seropositivos, Abraço, Morabi, Verdefam, Cruz Vermelha, Comando da 1ª Região Militar, clínica Sameg, Medicentro, Liga Cabo-verdiana Contra o Cancro e Bombeiros – em uma Feira de Saúde, na Praça Dom Luís. Esta iniciativa visa consciencializar e prevenir, oferecendo as pessoas informações sobre a saúde.