Quase sessenta crianças dominaram hoje o areal da praia da Salamansa numa actividade lúdica enquadrada na oitava edição da Semana do Mar, evento organizado pelo Ministério do Mar. No total foram 56 alunos da Escola Portuguesa e da Escola de Chã d’Cemitério que foram participar numa caminhada ecológica, que lhes permitiu divertir e aprender sobre o ecossistema marinho. Os alunos da escola local foram também convidados, mas no momento da nossa reportagem estava presente apenas um pequeno grupo. Segundo Anísio Évora, Director Nacional das Políticas do Mar, foi informado que a essa hora da manhã costumam estar na missa de domingo.
Para o efeito, um grupo de biólogos marinhos estimulou as crianças a aventurarem-se numa “caça ao tesouro” ao longo da praia e que consistia na descoberta de potes contendo exemplares de alguns animais: peixe, estrela-do-mar, centopeia-do-mar, coral e conus.
Segundo a bióloga Catelene Delgado, são seres que podem ser encontrados nas áreas costeiras, nomeadamente ao longo da praia da Salamansa. Explica que, para essa “aula”, escolheram levar amostras conservadas e fotos em papel para ajudar as crianças na idenfiticação. A intervenção desse grupo de especialistas está associada a um projecto que Catelene, Sara e Mayara, todas elas formadas em biologia marinha na Universidade Técnica do Atlântico, que visa partilhar conhecimentos sobre a biodiversidade e estimular as pessoas a protegerem o ecossistema das áreas costeiras. Após a “prova” de caça-tesouro, os alunos fizeram a limpeza da praia e o lixo foi catalogado.
A Escola Portuguesa do Mindelo levou 15 alunos do 9. ano para essa actividade, num ano em que, segundo a professora Suzana Castro, tornou-se numa “escola azul” e desenvolveu uma parceria com o Ministério do Mar. “Neste sentido, estamos empenhados em propiciar aos alunos estes momentos de contacto com o ambiente para que possam participar de forma activa na proteção da natureza. Só conhecendo as coisas é que podem ganhar essa consciência”, considera a professa de ciência e biologia. A sua expectativa é que esse evento possa aumentar nas crianças o respeito pelos animais marinhos e o ambiente envolvente.
Pedida para opinar sobre a experiência, a aluna Zara Silva mostrou-se entusiasmada com a oportunidade de conviver com os colegas num ambiente natural e ao mesmo tempo aprender lições relacionadas com os animais marinhos. “Além disso é muito virmos limpar a praia da Salamansa que foi danificada pela chuva”, comentou a adolescente, que prometeu partilhar com amigos a importância de promoverem a limpeza de S. Vicente para a ilha ficar mais bela.
O período da manhã foi bastante dinâmico e interactivo na referida praia. Além das actividades já referidas, as crianças puderam jogar voleibol de praia, balizinha e jogos lúdicos com pista de obstáculos. Segundo Marco Roque, um dos seis elementos do grupo Pro-Active, o principal objectivo foi proporcionar momentos de divertimento e alegria às crianças.
Rafael Ruan, um menino de 9 alunos e aluno da escola da Salamansa, e os amigos estavam preparados, como diziam, para ganhar o torneio de balizinha. Assegurou à reportagem do Mindelinsite, que costumam limpar o areal liderados pela escola. Desde que choveu, diz, a praia ficou bastante suja com os detritos carregados pela enxurrada. Por isso mostrou-se feliz por saber que coleguinhas da cidade iriam limpar a “sua” praia.
Salamansa foi o pontapé de saída da oitava edição da CV Ocean Week, que este ano decorre sob o lema “O oceano conecta povos”. Presente na praia, Anísio Évora, Director das Políticas do Mar, salientou que o programa começou com esse acto de sensibilizacao das crianças para a literacia dos oceanos e que o dia teria continuidade com a feira azul com a venda de pratos de produtos ligados ao mar confecionados por comerciantes da localidade piscatória. Salientou que uma das apostas é levar o mercado a passar a consumir o hamburguer de peixe.
A abertura oficial da CVOW, relembrou o representante do Ministério do Mar, acontece na segunda-feira na praia da Lajinha. A semana será preenchida com várias actividades abertas ao público, que terão como palco principal o salão do Terminal de Cruzeiros do Porto Grande. O programa terá alguns momentos altos, como, por exemplo, a intervenção de Gunte Pauli, considerado o pai da Economia Azul, do magistrado cabo-verdiano José Luiz Jesus, juiz do tribunal internacional do direito do mar, o lançamento do programa Wasop e a conferência dos ministros do mar da CPLP
