O coordenador do Siacsa acusou o agente da Polícia Nacional de disparar contra o vidro de uma caixa Vint4 do Interatlântico da Praça Nova, na madrugada de segunda-feira, porque o aparelho ATM estava sem dinheiro. Heidi Ganeto afirma que decidiu fazer esta denúncia pública após ouvir o relato do vigilante de serviço na hora do incidente. Conta ainda que o agente, que estava “alterado”, primeiro chutou o “balde de lixo” e esteve durante algum tempo a “discutir” com a caixa, antes de sacar da sua arma e fazer um primeiro disparo. E afirma que ele não concretizou o segundo porque a arma travou.
Segundo este dirigente do Siacsa, esta é uma situação que tem vindo a acontecer com alguma regularidade nas caixas ATM em São Vicente e que são testemunhadas pelos vigilantes de serviço. “Como a maioria dos vigilantes são associados deste sindicato, entendemos fazer esta denúncia sobretudo porque agora envolveu uma arma de fogo. Pelo simples facto das caixas se encontrarem sem dinheiro, ou então por ‘engolirem’ os cartões expirados, as pessoas reagem com violência”, acusa.
Para Heidi Ganeto, estes comportamentos reprováveis ocorrem sobretudo durante a madrugada. “Acredito que as pessoas, nesta altura, estão em festas ou paródias e ficam sem dinheiro. Recorrem às ATMs e ficam revoltadas quando não encontram dinheiro. O vigilante, que está de serviço, é obrigado a intervir quando percebe que as pessoas estão a pontapear as caixas num acesso de raiva. Ele tem de fazer o seu trabalho, que é proteger o local e o património. Foi isso que aconteceu com o agente da PN. Chegou por volta das 3 horas da manhã na Praça Nova, acompanhado de quatro pessoas. Quando percebeu que não havia dinheiro, ficou completamente descontrolado”, relata.
Por conta disso, prossegue este dirigente sindical, os companheiros abandonaram o agente da PN, que continuou a sua saga – primeiro pontapeou o cesto de lixo que está preso na parede e depois a porta da ATM. Na sequência, diz, o vigilante chamou a sua atenção e este, descontrolado, pegou a sua arma e fez um disparo contra a porta. “O agente só não fez mais disparos porque a arma travou. O agente ficou ainda mais revoltado por causa disso e arremessou a arma, que desmontou por completo. E é aqui que reside a nossa maior preocupação porque o vigilante estava muito próximo do agente quando este fez o disparo. Este garante que nunca foi ameaçado, mas ficou exposto e podia ter sido atingido.”
O representante do Siacsa em São Vicente apela, por isso, a quem de direito para intervir porquanto, afirma, as situações de falta de dinheiro e de cartões retidos nos ATMs são frequentes. “Já houve ameaças em outras ocasiões nas caixas Vint4 da Praça Nova, de Ponte d’ Agua e em Monte Sossego. Desta vez, a revolta do agente foi direccionada apenas para a ATM, mas nunca se sabe o que pode acontecer quando não encontram dinheiro ou os cartões ficam presos. Sobra sempre para o vigilante, que tem de abordar o cliente para evitar que este destrua um património com socos e pontapés.”
Neste caso, Heidi Ganeto não tem dúvidas de que a falta de dinheiro na caixa Vint4 foi o motivo que levou o agente a fazer o disparo, depois de “brigar” com o aparelho ATM. “Ele estava claramente descontrolado. Para se ter ideia, chegou a acusar a caixa de roubo. O agente chegou a confidenciar ao vigilante que a caixa ficou com seu cartão, por isso a revolta. Mas o vigilante não conhecia o agente e nem estava à espera do disparo. Aliás, este conta que afastou após o primeiro disparo e que o agente ainda tentou fazer um segundo, mas a arma travou. Inconformado, o agente arremessou a arma”, concluiu.