Cinco alunas representantes das escolas António Aurélio Gonçalves, Chã d’Cemitério, Ribeirinha, Fonte d’Inês e Monte Sossego disputam este sábado a final do concurso de leitura do ensino básico em S. Vicente. Após duas etapas de apuramento – que envolveram todos os alunos desses cinco estabelecimentos equipados previamente com bibliotecas -, amanhã será conhecida a vencedora desse certame realizado no quadro do projecto Ler é abraçar o mundo, coordenado pelas professoras Isana Ramos e Sueli Sousa, da área de Língua Portuguesa.
A cerimónia final irá decorrer no auditório da Faculdade da Educação e Desporto no período da manhã e, segundo Isana Ramos, terá como homenageada a escritora Vera Duarte. Por este motivo, as finalistas vão ler e interpretar poesias da reconhecida autora. O momento será ainda aproveitado para a divulgação do último livro de Vera Duarte, intitulado Blimundo, o boi que mexeu com o universo, lançado no âmbito da comemoração do centenário do nascimento de Amílcar Cabral.
Isana Ramos antevê uma “prova” de alta qualidade, que, diz, vai demonstrar o nível de desenvoltura atingido pelos alunos das referidas escolas na leitura. Como refere, nas duas etapas realizadas, os concorrentes foram avaliados por jurados com base nalguns itens – como a entoação, a dição e a interpretação – e, neste processo, melhoraram significativamente a qualidade de leitura. Este crescimento dos alunos, lembra, contou com a entrega de professores e encarregados de educação, embora nem tudo tenha decorrido como foi planeado.
“Muita gente pensa que as crianças não gostam de ler, mas verificamos neste projecto que é uma falsa ideia. Adoram ler, o problema é que muitas vezes não encontram oportunidades e incentivos”, considera Isana Ramos. Esta docente reconhece que os livros são caros, mas acha que os pais poderiam estimular os filhos a frequentarem as bibliotecas existentes na cidade do Mindelo, onde o acesso á gratuito.
Explica, aliás, que o projecto Ler é abraçar o mundo surgiu de um desafio lançado por uma professora dos Estudos Cabo-verdianos e Portugueses e que tinha como uma das suas grandes vertentes a instalação de bibliotecas nas escolas abrangidas. Realça que ela e a colega Sueli Sousa repararam que havia um défice de leitura nos estabelecimentos onde estavam a fazer o estágio, exactamente por falta de livros.
O problema foi resolvido, entretanto, com a aquisição de 12.600 exemplares em Portugal, transportados para C. Verde pelo Grupo ETE, que permitiram apetrechar as bibliotecas das escolas primárias António Aurélio Gonçalves, Ribeirinha, Monte Sossego, Fonte d’Inês e Chã d’Cemitério. Criadas as condições faltava agora incentivar os alunos a usarem esses espaços e a participar no concurso de leitura, etapa em que foi imprescindível o envolvimento dos professores e encarregados de educação.
Isana Ramos afirma que a abertura das bibliotecas foi acolhida com amor pelos estudantes desses estabelecimentos. “Os alunos não escondem essa felicidade de poderem ler e até levar livros para casa. Estão de tal modo motivados que já perguntam quando vamos retomar o concurso de leitura”, revela a docente, que admite a possibilidade de lançarem a segunda edição do evento. Amanhã, sábado, cinco alunas vão demonstrar as suas destrezas em leitura, na final do concurso. Cada uma foi apurada em primeiro lugar na sua escola. A vencedora vai ganhar um computador portátil oferecido pela empresa Sankofa, enquanto a segunda classificada terá direito a um passe estudantil ofertado pela transportadora Transcor. As restantes posicionadas vão receber prémios que vão de mochila a kits escolar. Além disso, todos os 35 alunos que competiram na segunda etapa do certame terão prémios de participação.