Membro dos advogados do grupo dos cinco nigerianos impedidos de entrar em Cabo Verde refutou os argumentos apresentados pela DEF e garantiu ao Mindelinsite que o incidente será comunicado o quanto antes à Comissão dos Direitos Humanos. Em entrevista concedida ao nosso jornal, afirma que os referidos passageiros comprovaram as reservas de alojamento feitas nas ilhas do Sal, Fogo, Santo Antão e S. Vicente e um deles chegou a fazer um levantamento de 30 contos com o cartão Visa para demonstrar que o mesmo estava activo e tinha meios de subsistência.
“O comunicado emitido pela DEF não corresponde à verdade dos factos. Os passageiros tinham dinheiro, cartão Visa activo e as reservas feitas”, contraria o jurista. Especifica que o grupo desembarcou no Sal no dia 13, com reserva hoteleira até 15 de abril. Conforme o plano, neste dia deveriam viajar para a ilha do Fogo, onde permaneceriam até 18, partindo lodo de seguida para Santo Antão, via S. Vicente, com estadia prevista até 25. Neste dia, deveriam regressar a S. Vicente para apanhar o voo para Sal, onde iriam ficar até 27, data da viagem para Senegal.
A nossa fonte assegura que os nigerianos em causa provaram o seu roteiro e que tinham capacidade financeira, pelo que diz estranhar a decisão da DEF – Direcção de Estrangeiros e Fronteiras. “O que nos parece ser mais óbvio é que houve falha na comunicação e falta de vontade em se analizar os documentos apresentados”, diz.
Esta manhã, os cinco elementos – uma escritora-activista, dois engenheiros de softwares, um director de arte e uma empreendedora digital – contactaram a Embaixada da Nigéria no Senegal e decidiram relatar o caso à Comissão dos Direitos Humanos. Revelam que os seus direitos foram violados pela Polícia Nacional, que lhes retirou os pertences pessoais e agrediu uma das mulheres, que foi, inclusivamente, assistida num posto clínico.
Relembre-se que a Direção de Estrangeiros e Fronteira afirma que sete nigerianos, divididos em dois grupos – sendo um de cinco elementos e outro de dois – foram impedidos de entrar em C. Verde porque não apresentaram meios de subsistência e haver suspeita de exploração económica da parte de um dos integrantes.
Este incidente foi divulgado nas redes sociais e na imprensa por César Schofield, amigo dos envolvidos. Na sequência deste episódio, este artista cabo-verdiano entende que é preciso clarificar a posição de Cabo Verde na CEDEAO. “Ou temos acordo de livre circulação ou não temos”, diz Schofield, salientando que nunca lhe foi pedido mais do que endereço de hotel ou local de estadia no Senegal, Gana, Nigéria, ou Guiné-Bissau. Isto não significa, segundo as suas palavras, ausência de problemas, que, diz, devem ser denunciados quando acontecem. Porém, diz, tem havido casos suficientes nas fronteiras para serem classificados como “racismo institucional, má diplomacia e violência policial, ou até mesmo ilegalidade”.