Desde ontem de manhã que Maria Piedade está a enfrentar uma corrida contra o tempo para poder apanhar o voo que a levará de volta para os Estados Unidos, onde esta emigrante reside. Dadinha, como é tratada, teve que apanhar um barco no porto do Tarrafal de S. Nicolau rumo a S. Vicente e depois seguir para a ilha de Santiago. A chegada ao Porto da Praia estava prevista para as 7 ou 8 horas desta manhã. Caso este tempo seja cumprido, terá apenas duas horas para chegar ao aeroporto e apanhar o voo da Sata para Boston.
“Estou rezando para que tudo dê certo”, comenta, em conversa com o jornalista do Mindelinsite, quando o navio estava prestes a zarpar do Porto Grande. Dadinha sabia que iria enfrentar uma viagem cansativa, ela que não é “boa marinheira”. Mas era um sacrifício a ser feito.
Esta emigrante veio passar férias em São Nicolau e pretendia regressar para os Estados Unidos na sexta-feira, num voo da companhia aérea Sata. Conforme os planos, deveria sair da ilha na quinta-feira num voo da TICV/BestFly. Mas, na quarta foi informada pelas 18 horas que a viagem estava cancelada por falta de avião. “Tive que comprar outra passagem para viajar na TACV”, revela.
Entretanto, recebeu um telefonema na sexta de manhã comunicando-lhe o cancelamento também desta ligação. A indicação da TACV era que não fosse para o aeroporto e ficasse atenta a novas informações. Resultado: Dadinha perdeu o voo Praia – Boston.
A emigrante, que está acompanhada de uma neta, teve que desembolsar mais 2.100 dólares por duas passagens na próxima ligação da Sata, ou seja, hoje de manhã, a partir do aeroporto internacional Nelson Mandela. Isto desde que consiga estar às 10 horas ao balcão do check-in.
Feitas as contas, este rol de contratempos já custou duas passagens extras S. Nicolau – Praia, num voo entretanto cancelado pela TACV, mais duas passagens de barco no percurso S. Nicolau/S. Vicente/Santiago e outros dois bilhetes no voo internacional Praia – Boston, que sai esta manhã.
“Costumo vir de férias para S. Nicolau, já houve cancelamento de voos, mas não deste jeito”, relata a emigrante, que tem estado com o estado emocional agitado por estes dias. Numa espécie de desabafo acha que a TACV deveria se centrar nas ligações inter-ilhas e esquecer os voos internacionais. Para ela está na cara de todos os cabo-verdianos que a companhia não está a poder dar conta do recado.