As organizações defensoras da enseada de coral da Lajinha convocaram a imprensa na tarde de hoje para lançar um apelo aos mindelenses para participarem de forma massiva na marcha cívica desta sexta-feira, 27, que também está enquadrada na Mobilização Global pelo Clima, que desde o dia 20 até amanhã acontece um pouco por todo o mundo. É que, diz Guilherme Mascarenhas, esta enseada de coral, que é uma oceanário natural, está em perigo eminente.
A concentração para a marcha será a partir das 17 horas na praia da Lajinha, com arranque previsto para às 17h45 minutos. Os manifestantes vão percorrer toda a Avenida Marginal e terminar na Praça Dom Luís, um espaço escolhidos propositadamente, tendo em conta a sua localização nas proximidades da Câmara Municipal. Porque a união faz a força, Guilherme Mascarenhas diz esperar uma forte participação. Alias, pede mesmo aos alunos para faltarem as aulas e aos funcionários para pedirem licença para poderem engrossar a marcha.
“A enseada de coral da Lajinha é um oceanário natural e uma das paisagens mais belas da ilha de São Vicente. É ainda o último refúgio da vida marinha da Baía do Porto Grande. A construção dos Estaleiros Navais da Cabnave destruiu a praia da Matiota e a expansão do areal da Lajinha soterrou a comunidade coralina ali existente. Resta apenas a enseada de coral que, para além do valor cientifico, tem um enorme valor ecoturístico”, explica o professor Guilherme Mascarenhas.
Este deixa claro que esta destruição está a ser provocada por um projecto que está a ser implementado pela Câmara Municipal, com o consentimento tácito do Governo, ignorando, propositadamente, a legislação ambiental de Cabo Verde, os argumentos da comunidade cientifica e os sucessivos protestos da sociedade civil mindelense, que inclui uma petição com mais de sete mil e 500 assinaturas recolhidas somente na ilha de São Vicente
Guilherme compara esta situação aos incêndios na floresta amazónica que, afirma, demonstram como interesses comerciais de uma pequena minoria, protegida pelo poder politico, esta a destruir, em velocidade cada vez maior, grande parte do mundo natural e a por em perigo a sobrevivência da nossa espécie. Foi por causa disto que surgiu o movimento global pelo ambiente que, deste o dia 20, tem vindo a reunir milhões de pessoas para impedir que se continue a agredir o planeta. Também em S. Vicente vai-se marchar pelo ambiente e da enseada de coral.
A par desta marcha, estas organizações ambientais estão a trabalhar um projecto para solicitar a protecção da enseada de coral como zona de interesse, faltando apenas a recolha das assinaturas. O processo foi no entanto colocado em stanby para priorizar esta marcha. São necessários, de acordo com Guilherme Mascarenhas 300 assinaturas, que este acredita poderão ser conseguidos rapidamente. “Espero dentro de uma semana ter este processo processo concluído para enviar paras as autoridades nacionais”, declarou.
Até lá e enquanto as autoridades procuram uma solução definitiva, Guilherme aconselha a Câmara a avançar com uma solução provisória, de baixo custo, que consiste numa abertura na antiga saída de cheias para que esta possa escoar directamente para o mar. Trata-se de uma solução que funcionou durante seis anos, com poucos impactos ambientais, finaliza.
Constança de Pina