Alunos do 11º ano da EICM responsabilizam professor de Matemática por fraco desempenho e denunciam tentativas de humilhação

Alunos do 11º ano da Escola Industrial e Comercial do Mindelo estão descontentes com o alegado comportamento e a forma de ensino de um professor de Matemática, que, dizem, se traduziu num desempenho negativo no final do trimestre nas várias turmas em que leciona. Dizem que, numa sala com 22 discentes, apenas dois conseguiram tirar notas positivas, mas a maioria ficou abaixo dos seis valores. Os pais e encarregados de educação já tiveram encontro com a direção da EICM, que prometeu investigar e resolver a questão internamente. Já o docente, Fidel Gomes, após prometer conversar com o Mindelinsite sobre a matéria, rejeitou as ligações subsequentes realizadas pela nossa redação. 

Ao Mindelinsite, estes alunos explicam que, neste ano lectivo, os seus desempenhos na disciplina de Matemática está muito aquém das expectativas. Inclusive, dizem, há casos de discentes que, em anos anteriores, estiveram no quadro de honra e agora estão com notas negativas na disciplina, o que os leva a afirmar que o problema não está nos alunos, mas sim no docente. “As notas do primeiro trimestre podem indicar que não estamos a esforçar-nos, mas não é verdade. Estudamos, fazemos todos os trabalhos e neste momento alguns alunos estão a frequentar explicação para ver se melhoram o desempenho. Nunca tivemos avaliações tão negativas nesta disciplina”, desabafa uma aluna. 

Questionada sobre as razões para o fraco desempenho, esta alega que o tempo curto para fazer os trabalhos pode explicar parte do problema. “O professor fixa o tempo de 20 minutos para fazermos um trabalho individual, que deveria ser feito em uma hora. Ninguém consegue concluir os testes e não entendemos o porquê da pressa, sendo que as aulas têm a duração de 60 minutos. Está muito complicado acompanhar o educador, apesar dos nossos esforços. Todos intensificaram os estudos, mas não vimos qualquer melhoria porque também não entendemos a matéria.”

Inconformados com o baixo aproveitamento, relataram a situação aos pais e encarregados de educação, que se reuniram primeiro com os directores de turma e posteriormente com a direção da EICM. Aguardam agora os desenvolvimentos. “Estamos na faixa etária dos 16/18 anos e nunca tivemos problemas desta envergadura na disciplina de Matemática. Mesmo os alunos repetentes tiveram melhor desempenho em anos anteriores. E a situação se repete em outras turmas, inclusive no 8º ano, mas é mais complexa no 11º, independentemente do curso. Há alunos que precisam de mais de 20 pontos para transitar de ano porque a nota do primeiro trimestre foi 4 ou 5 valores.” 

Para um outro discente, a principal razão para o desempenho insuficiente é porque as aulas são desorganizadas, o professor não consegue explicar de forma clara e acaba por “descontar a sua frustração” nos alunos. Exemplifica dizendo que, sempre que pedem mais esclarecimentos e levantam dúvidas, ao invés de tentar fazer os alunos acompanharem as explicações, este opta por destrata-los ou então desconversar. Outras vezes, diz esse estudante, o professor desdenha dos seus fracos conhecimentos, dizendo que não têm base para frequentar o 11º ano. “ O professor fica fazendo piadas de mau gosto ou então roga pragas quando pedimos explicação. De forma nenhuma este comportamento favorece a relação, que já é muito tensa.”

A fonte relatou ainda um caso de alegada agressão perpetrada pelo docente a um aluno, em dezembro passado, na porta de uma sala de aula, sem razão aparente. Ao que puderam perceber, o aluno em causa foi empurrado pelo professor, na presença de testemunhas. De imediato, este dirigiu-se à direção do EICM para relatar o ocorrido, mas afirmam que até agora a escola não tomou nenhuma medida. Na sequência, a vítima dirigiu-se também à Esquadra da Polícia Nacional e apresentou uma queixa. 

Em suma, as reclamações são as mesmas: dificuldade do docente em explicar a matéria e de relacionamento por causa da forma como se dirige aos alunos, na maior parte das vezes com suposta agressividade ou então com desprezo. E, para já, estes alunos já antevêem notas baixas no final do segundo trimestre, porquanto, dizem, a segunda avaliação, feita na semana passada, não correu de feição. “Não tivemos tempo para concluir o trabalho. O tempo estipulado foi 20 mn mas, no meu caso, fiz a prova com lápis preto, para depois passar à caneta. Mas o tempo foi tão curto, que não consegui. O professor recolheu os testes.” 

Confrontado, o diretor da EICM confirmou que foi abordado pelo diretor de uma turma do 11º sobre o assunto. Na altura do contacto, Donaciano Oliveira alegou não ter informações concretas, que esperava recolher num encontro a ser realizado no dia seguinte com os pais e encarregados de educação. Mesmo assim, adiantou que a queixa do diretor de turma não é apenas sobre um professor, mas sim dois. O Mindelinsite retornou a ligação com Donaciano Oliveira após a reunião, mas este limitou-se a dizer que os responsáveis reforçaram as queixas dos alunos e a direção da escola vai fazer as suas averiguações internas.

“Vamos apurar, mas não vou falar nada sobre isso”, frisou. Perante a insistência deste online para saber mais sobre o encontro com os pais e encarregados de educação, admitiu que estes afirmaram que a avaliação não está boa e alegaram que a relação aluno-professor precisa melhorar. Questionado se é normal numa turma de 22 discentes apenas dois conseguirem ter notas positivas na pauta, Oliveira reconheceu que é algo que chama atenção. “Mas vamos ver internamente o que fazer. Entendo que não é normal os alunos tirarem notas abaixo dos seis valores, sobretudo no primeiro trimestre.”

Já o professor Fidel, após um primeiro contacto por telefone depois de muita insistência, disponibilizou-se para falar com o Mindelinsite no período da tarde de segunda-feira. No entanto, quando retornamos a ligação na hora marcada, já não atendeu as nossas ligações. Mesmo assim a nossa redação continua disponível para ouvir a sua versão dos factos.

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