Agentes afectos à Polícia Nacional em Santo Antão procuraram o Mindelinsite para denunciar uma alegada carga horária excessiva, totalizando 56 horas de serviços semanais de trabalho. Dizem ainda que, devido ao número reduzido de agentes, por vezes ficam um de serviço na esquadra.
Sob anonimato por medo de represálias, as nossas fonte relatam que os agentes do Comando de Santo Antão trabalham 08 horas de serviço por turnos sem direito folgas, com descanso 24horas. Somados, são 56 horas de trabalho semanal, feito com patrulhamento apeado. E não são pagos hora extras.
‘Antes havia três ou quatro agentes nos turnos de serviço. Agora, por vezes, fica um unico agente numa esquadra, sobretudo nos turnos das 16h às 00 horas e das 00horas às 8horas. Nos turnos diurnos, ou seja das 08 às 16 horas, os agentes de serviço burocratico ficam na esquadra’, explicam. Mas, mesmo com esta sobrecarga de trabalho, dizem que alguns agentes foram recrutados para prestar serviço recentemente em São Vicente, no Festival Internacional da Baia das Gatas.
Na esquadra policial de Ponta do Sol, prossegue, não existe viatura operacional pelo que este serviço tem de recorrer ao da esquadra policial Ribeira Grande. ‘A viatura pertencente a esquadra de Ponta do Sol passa três dias de uma semana operacional e os restantes na oficina. Estamos a falar de um veículos velho, que não dá a minima garantia,’ sustentam.
Por causa disso, o condutor tem de fazer patrulha apeado e, quando solicitado para diligências, é obrigado a deslocar a pé esquadra para ir buscar a viatura e inteirar dos factos. E, se não bastasse, os agentes são obrigados a comparecer nos tribunais nos seus horários de descanso. ‘Já houve casos em que saímos do tribunal directamente para o turno de serviço. Ou então todo o nosso horário de descanso é passado no tribunal,’ acusam, criticando a falta de recursos humanos e materiais.
Mas esta não é a primeira vez que os agentes da PN em Santo Antão tornam publico as precárias condições de trabalho. Em setembro de 2023, chamaram à imprensa para exigir melhores condições laborais e dignificação da classe. Na ocasião, justificaram dizendo que a situação laboral dos efectivos das esquadras da Ponta do Sol e da Ribeira Grande de “crítica”.
“Trabalhamos 24 horas com uma única pessoa na esquadra e duas a fazer patrulha. Temos medo de algum dia acontecer o pior e isso está a ficar cada vez mais preocupante, porque nem a tutela, nem a cúpula está a fazer nada”, desabafavam. Mas mesmo limitados, enviaram efectivos para S.Vicente para reforçar a PN durante o festival, deixando as esquadras ‘descobertas’.
O Mindelinsite tentou por diversas vezes, via telefone, ouvir o Comandante Regional da PN, mas não foi possível por estar ausente das esquadras.