Um sorriso no rosto da tristeza

João Henrique Delgado Cruz

Como o sorriso inocente de uma criança se tornou a imagem da nossa resistência e o prelúdio de um futuro risonho. Publico aqui a sequência de fotos, depois da foto do menino ter-se tornado viral com mais de 200 mil visualizações.

No dia a seguir ao temporal acordei com um telefonema anunciando o ocorrido. Meio atabalhoado saí para ver in loco. Tive de colocar os pés no chão e meter os chinelos na minha mochila. Um cenário devastador, notícias terríveis, os meus olhos encheram-se de lágrimas.

Passei pela Ribeira Bote, gritos de dor, de dor desesperada “o pequeno Valderrama e a Dona São, meu Deus…” os meus óculos ficaram turvos de lágrimas. O meu amigo Arlindo Morais estava bem, perdeu tudo, o terraço salvou-lhe a vida. De seguida Alto Mira Mar para ver se tudo estava bem na fundação, dirigi-me para a rua da Luz, os meus familiares estavam bem. Rua de Praia, cenário dantesco, carros no mar, homens procurando corpos… Praça Estrela, vi homens chorando… as lágrimas vieram-me de novo aos olhos, coração apertado… … sempre que podia fazia uma fotografia.

Aparece uma criança, carinha de insurra, brincando com uma capa de telemóvel que encontrou nos escombros. Cada selfie imaginário do menino é um sorriso no rosto da tristeza. Por momentos esqueci o pequeno Valderrama, o menino com cabelos de fogo. A criança apenas brinca e sorri para o futuro… tentei captar essa imagem, fiz três fotografias, escolhi uma para publicar, precisava de desanuviar a tristeza, e a inocência do menino fez-me ver que o futuro terá sorrisos, que a vida não é uma linha reta, que às vezes as curvas da tristeza prepararam-nos para maiores alegrias.

Não sei o nome do menino, mas será, de certeza o símbolo do renascimento!

Sair da versão mobile