Por Luís Duarte
Oxalá o Sokols 2017 não tenha sido inspirado no Sokol dos anos 30, associação que não tinha cariz político. Era educativo, desportivo, recreativo e paramilitar e foi orgulho da cidade do Mindelo e da ilha de São Vicente.
A Associação Sokol foi criada pelo senhor Júlio Bento Oliveira, natural da vizinha ilha de Santo Antão, que era funcionário do Telégrafo Inglês e foi presidente da Câmara Municipal de São Vicente por muitos anos. Seria de bom tom honrar o nome do Sokol que está na história da ilha de São Vicente. Homenagem ao Sokol e aos seus fundadores. Se o Sokols com “s” foi inspirado no Sokol dos anos 30, seria de bom tom que mudasse de nome.
Isto porque, por tudo o que aconteceu de mau nesta ilha, anos atrás, o Sokols nada disse e nada fez para mudar a situação. Dizer que o Sokol promoveu manifestação no tempo do partido único não engana ninguém. É falso. Se fizesse manifestação, seria esmagado pelo PAIGC porque não havia democracia. Graças ao MpD, hoje faz-se manifestações sem se correr o risco de ser preso. Viva a democracia.
Refrescando a ideia e a memória, quem não se recorda do que aconteceu aos alunos do Liceu Ludgero Lima quando pretenderam fazer uma manifestação estudantil pacífica? Foram recebidos por militares e foram espancados e de que maneira.
O Sokols fez alguma coisa? Coisíssima nenhuma. O Sokols, ao dizer que fez manifestações no tempo da ditadura, só queria enganar o povo. Não fez nada para não ser esmagado.
O Sokols está com muita confusão na cabeça. Está à procura de um lugar ao sol. Quando aconteceu o vexame da nossa Câmara ser invadida por barões vindos da Praia, coisa sem pés nem cabeça, simplesmente uma demonstração de poder e força, onde estavam o Sokols? Estava petrificado e mudo. Não se apresentou com toda a sua musculação. Ficou parado, inerte e paralisado.
Ao finca-pé do PAICV à Regionalização, o Sokols não teve coragem de demonstrar o seu repúdio. Só atira pedras quando as águas são mansas. Só empurra o carro quando o motor está a funcionar. Quando ao tudo na Praia, é doença que vem de longe e os senhores nada disseram. Ou não existiam ou estavam a sofrer de medo. O Sokols não teve coragem de manifestar a sua musculação. Não estava de saúde ou então se encontrava de férias.
Srs Sokols, hoje com a democracia todo o mundo canta sem medo de lhe ser cortado o pescoço. Para lhes dizer o seguinte: o país está de saúde e há democracia demonstrada através de manifestações.
Manifestações são boas, demonstram a liberdade, mas devem ser feitas com fundamento e sempre que forem necessárias. O que não é bom é incitar a população ao desrespeito e a beligerância. Voltar o povo contra o povo ou as instituições. Pensem bem. Não queremos guerra na nossa terra. Somos e sempre fomos uma terra de paz, de amizade e morabeza.
Não vamos deixar que mentes doentias nos atirem para o abismo. Os problemas que nos afligem serão resolvidos porque todos têm solução na paz e não com batalhas. Não somos povo de guerra. Devemos agir mais com a cabeça do que com o coração. Deve-se viver primando pela razão e bom senso.
Não sejamos zarolhos, só vendo por um olho e nem moeda de uma face só, a das reclamações. O esforço que é feito não é reconhecido. É bom tecer críticas construtivas, que muito ajudaria. É muito fácil apontar o dedo e reclamar. O que joga do lado de fora, joga melhor. Mais difícil é realizar. Não devemos esquecer das nossas fragilidades e heranças recebidas. Tudo a seu tempo será resolvido, com passos seguros e evitando atropelos. É impossível arrumar a casa de uma só vez. Milagres não existem. Doenças antigas saram devagar.
Durante a manifestação verificou-se tamanha euforia. Parecia um barril de pólvora com rastilho. Só faltava colocar o lume. Em nenhuma altura tivemos em nossa terra guerras, salvo uma certa altura em que o povo foi sacudido, que não vale apena aqui recordar. Foi uma ocasião em que os Sokols deviam entrar, com toda a sua inteligência e musculação. Agir a bem das pessoas sofredoras. Só lutam dentro das trincheiras.
Para aqueles que querem guerra, os generais bengalas que arrumem as suas coisas e se alistem como mercenários de governos ditatoriais e que nos esquecem.
O Sokols, com toda a sua inteligência e força milagreira, tome conta do governo e resolva todas as dificuldades de Cabo Verde em seis meses. Se assim fizer, ficar-se-lhe-ia muito reconhecido e lhe seria um monumento em Monte Cara. Que sejamos todos amigos de Cabo Verde porque somos todos cabo-verdianos. Nunca venhamos transforma esta linda terra em uma Tchetchénia.