José Anguila Vieira
𝐐𝐮𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐨 𝐣𝐨𝐠𝐨 𝐟𝐨𝐫𝐚 𝐝𝐚𝐬 𝐪𝐮𝐚𝐭𝐫𝐨 𝐥𝐢𝐧𝐡𝐚𝐬 𝐜𝐨𝐦𝐞𝐜̧𝐚 𝐚 𝐬𝐞𝐫 𝐦𝐚𝐢𝐬 𝐝𝐮𝐫𝐨 𝐝𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐨 𝐩𝐫𝐨́𝐩𝐫𝐢𝐨 𝐣𝐨𝐠𝐨, 𝐚𝐥𝐠𝐨 𝐞𝐬𝐭𝐚́ 𝐞𝐫𝐫𝐚𝐝𝐨!
Como membro do staff técnico da Seleção Nacional de Basquetebol de Cabo Verde, igualmente como alguém que viveu de perto o esforço, a entrega e as dificuldades dos nossos atletas bem como da equipa técnica em Agosto último, não pretendo justificar a nossa derrota frente a Angola, idem o facto de não termos saído do último AfroBasket com as medalhas ambicionadas. O desporto é feito de vitórias e derrotas logo, cada resultado deve produzir ilações e ser encarado com humildade e espírito de superação.
Contudo, seria desonesto ignorar que as celeumas e instabilidades criadas à volta da nova direção federativa, que havia tomado posse apenas três meses antes do AfroBasket, não afetaram inevitavelmente a preparação e o foco da equipa. Todos os dias convivíamos com um ambiente de incerteza, discussões e desconfiança, fatores que, quer se queira ou não, têm impacto direto no rendimento dos atletas e no trabalho técnico.
Hoje, às vésperas da janela de apuramento para o Mundial, uma oportunidade que pode abrir também portas para os Jogos Olímpicos, o cenário volta a ser de instabilidade: a atual direção, a mesma que conduziu a preparação anterior, acaba de ser destituída pelas associações numa Assembleia Extraordinária. Este novo episódio, em vez de unir e motivar, está tendo o efeito contrário. O basquetebol cabo-verdiano precisa urgentemente de serenidade, respeito institucional e foco coletivo. Só assim poderemos continuar a projetar o nome de Cabo Verde com orgulho e merecimento dentro e fora do campo.
A caminhada de nossa modaliade começou dias há!! Eu, como capitão de equipa na primeira internacionalização de Cabo-verde em 1981, pude testemunhar como nosso querido torrão era desconhecido e que ninguém o respeitava. Hoje, o mundo encurva-se perante o power destas ilhas que sequer aparece em alguns mapas, grangeia respeito e admiração, fruto de um “step by step” cheio de dificuldades mas, suado com muito amor e determinação. Não podemos permitir que este legado seja arruinado devido a egos e interesses outros!!!!!! No way!
Para agravar, assistimos recentemente à decisão da direção destituída de rescindir PUBLICAMENTE o contrato com o anterior selecionador nacional Emanuel Trovoada, uma figura respeitada, querida e com um percurso de entrega total à modalidade. A forma como tudo foi conduzido, sem o mínimo de respeito humano e institucional, foi profundamente lamentável. Falar de profissionalismo e de progresso é incompatível com atitudes que humilham pessoas e desvalorizam quem dedicou anos à causa do basquetebol cabo-verdiano.
Mesmo que a intenção fosse mudar o comando técnico, havia formas mais dignas e transparentes de o fazer, não expondo um profissional, nem deixando transparecer a ideia de que tudo não passou de uma manobra para evitar responsabilidades contratuais até agosto de 2026. A reputação constrói-se com anos de trabalho; destruir a imagem de alguém com um anúncio público e portas fechadas no trabalho é algo que em nada eleva a nossa modalidade.
Por fim, ALERTO para o facto de, se as celeumas e instabilidades criadas persistirem, corrermos o risco de não participar nesta qualificação, com a consequente não presença no Mundial do próximo ano, adiando a nossa candidatura para 2029, uma situação indesejada por TODOS mas, possível tornar-se realidade caso fatores externos teimarem em minar a integridade do nosso basquetebol.
Viva o Basketball! Viva Cabo-Verde!
