A definição genérica de economia no diz que trata-se de conjunto de atividades desenvolvidas pelos seres humanos visando a produção, a distribuição e o consumo de bens e serviços necessários à sobrevivência e à qualidade de vida. Portanto, nada a ver com alguns novos conceitos criados à medida das conveniências para justificação de festas prolongadas. Se sou a favor das festas? Sem
dúvidas, não fosse d’Soncent. Adoro! Mas, convenhamos, tudo o que é demais faz mal.
Por: Nelson Faria
A definição genérica de economia no diz que trata-se de conjunto de atividades desenvolvidas pelos
seres humanos visando a produção, distribuição e o consumo de bens e serviços necessários à
sobrevivência e à qualidade de vida. Portanto, nada a ver com alguns novos conceitos criados à
medida das conveniências para justificação de festas prolongadas. Se sou a favor das festas? Sem
dúvidas, não fosse d’Soncent. Adoro! Mas, convenhamos, tudo o que é demais faz mal.
De uma forma simplificada, imaginemos que a economia é como um grande caldeirão de cachupa,
onde cada um contribui com o que tem, milho, feijão, peixe, ou só uma pitadinha de sal porque a
vida está apertada. O resultado depende de como esses ingredientes se misturam e todos se
alimentam. Portanto, a economia é uma troca constante e regular de bens e serviços que possibilita
a satisfação das necessidades e das vontades. Agora, imaginemos que nesta nossa ilha, temperada
com bruma seca que não permite a chegada de quem trazia o milho, adicionamos o toucinho de
quatro dias de festa na Rua de Lisboa. A cachupa ficou pronta? Apetitosa? Não creio.
Em teoria, a festa na Rua de Lisboa deveria dar um gás na economia. Há músicos que brilham nos
palcos, produtores de bebidas a esfregar as mãos, barracas a servir espetadas enquanto o grogue
escorre solto na balói. Tudo isso movimenta dinheiro e gera aquela economia de “balói” fantástica
para as pessoas que têm oportunidade de ganhar algum com o evento.
Mas, vamos com calma, porque o caldeirão tem suas limitações. Primeiro, o transporte inter-ilhas,
que já anda a meio gás, vira um pesadelo logístico. Se a bruma seca decidir continuar a dar o ar da
sua (má) graça, os voos internacionais para o Aeroporto Cesária Évora ficam cancelados. Sem
turistas e emigrantes a gastar, quem consome? Apenas os locais, que muitas vezes já estão no limite
de um orçamento que não cresceu como a inflação dos últimos cinco anos.
Além disso, a economia que se movimenta nesses eventos tende a ser seletiva, pois, o dinheiro flui
para o álcool, as drogas, músicos, produtores de eventos e alguns, poucos, estabelecimentos
comerciais. Mas, isso tem impacto para uma economia mais ampla? Quase nada. É como gastar todo
o nosso milho numa festa e depois ficar sem nada para a cachupa do dia seguinte.
Para uma economia saudável, é preciso equilíbrio. E, por mais que seja divertido dançar na Rua de
Lisboa, entorpecido ou não, com música ao vivo, quatro dias de festa não resolvem os problemas
estruturais do transporte, do turismo, da diversificação económica, do saneamento, do emprego, da
saúde, do desporto. Pelo contrário, pode até agravar, deixando-nos com uma ressaca no bolso e na
alma.
Portanto, antes de encher o caldeirão, é bom pensar no que sobra para o dia seguinte. A festa é boa,
mas a economia não vive só de “balói”. “SONCET Ê SAB PA C, MÁ NO TMA CUIDOD PÁ C’OIÁ C*.”
Bom Natal e um excelente ano, entrado ou não na Rua d’Lisboa.