Planear para continuar a sonhar bem alto…

Por Filipe Soares

Este fim-de-semana ficou marcado desportivamente pela classificação da Seleção Nacional de Andebol para o Campeonato do Mundo da modalidade a disputar em Janeiro de 2021 no Egipto. Será a primeira participação a este nível de uma seleção cabo-verdiana.

Poderíamos dissertar muito sobre a épica campanha dos Tubarões Azuis nesta prova. Chegados como convidados, foram paulatinamente passando as fases da competição, alcançando o fantástico 5º lugar, ficando apenas atrás dos dois colossos mundiais do Norte de África (Egipto e Tunísia), Argélia e Angola. Até poderíamos constatar o desorganizado planeamento e sua execução sofrida, colmatada pela grande ambição dos atletas cabo-verdianos (apenas um convocado não joga na diáspora), uma equipa técnica e médica  apaixonada pelo jogo que, juntos, com muita crença e criatividade driblando as dificuldades demonstraram, desta vez no andebol, toda a capacidade e  talento que o Desporto Morabeza apresenta.

Não há dúvidas sobre o esforço e dedicação das entidades responsáveis pelo Desporto nos últimos anos em promover, desenvolver  e massificar o Desporto cabo-verdiano. O crescimento do número de infraestruturas desportivas, o aumento do número de federações desportivas, as grandes organizações/eventos internacionais entre outros os jogos da CPLP, os 1ºs Jogos Africanos de Praia e a maior participação internacional – não só de atletas e seleções cabo-verdianas, mas também da entrada de dirigentes em estruturas internacionais de relevo -demonstram que o caminho está a ser feito, criando dimensão e relação internacional do próprio país através deste diplomata que é o Desporto.

No entanto, tal como em qualquer outra área, nunca é demais solicitar aos intervenientes a manutenção da reflexão e promoção do Desporto como bandeira da sua soberania, economia,  educação, saúde e igualdade de género. Para tal, e com as dificuldades já conhecidas da insularidade que não poderão ser sempre justificação do insucesso, a palavra Planeamento terá de ser exercitada a curto, médio e longo prazo, permitindo que o sucesso alcançado pela seleção de Andebol não seja só de sonho, mas a realidade de um processo de implementação que tolere os seus custos e invoque investimento na cultura desportiva da sociedade.

Nesse sentido, a presença num Campeonato do Mundo deverá ser promotor de um plano estratégico para a modalidade no seu global e não redutor no (i)mediatismo da prova singular.

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