Liderar é servir…particularmente na política

A verdadeira mudança começa com a consciência de que liderar é, antes de tudo, servir. É influenciar positivamente uma coletividade, em todas as organizações, mormente nas políticas, que precisam priorizar modelos de gestão que valorizem a humanidade, a escuta e a cooperação. Líderes servidores não são utopia, são uma exigência para enfrentarmos crises complexas, da pobreza, de vários desafios económicos e sociais, desafios da desigualdade às mudanças climáticas, desafios da humanidade e da humanização que demandam ações coordenadas e inclusivas.

Por: Nelson Faria

Cabe a nós, enquanto sociedade, exigir e cultivar lideranças que unam, não dividam, que construam
pontes, não muros, e que lembrem, sempre, que o poder mais legítimo é aquele exercido em prol do
bem comum. Afinal, como a prática tem-me ensinado, “um verdadeiro líder usa sua força para
empoderar os outros, não para dominá-los”. Essa é a liderança que transforma e salva organizações
e nações.

No mundo marcado por complexidades sociais, polarizações e desafios globais, a qualidade da
liderança nas organizações, sejam elas empresariais, sociais ou políticas, revela-se um pilar decisivo
para o bem-estar das pessoas, a eficácia do trabalho em equipa e a construção de sociedades mais
justas. Lideranças autenticas, compassivas e servidoras não são apenas um ideal ético, mas uma
necessidade prática para garantir que as organizações funcionem como espaços de crescimento
humano, cooperação e realização coletiva.

O trabalho em equipa eficaz nasce de lideranças que abraçam a diversidade de pensamento, em vez
de homogeneizar ideias, pois, líderes compassivos e servidores estimulam o diálogo entre
diferenças, transformando conflitos em oportunidades de inovação, cooperação e crescimento
coletivo. Essa abordagem requer humildade para reconhecer que nenhuma pessoa detém todo o
conhecimento e que a sabedoria coletiva é sempre maior.

Nas organizações políticas, essa premissa é ainda mais crucial. Líderes autocráticos, que centralizam
decisões e silenciam dissidências, alimentam divisões e frustrações, em sentido contrário, lideranças
que unem criam espaços onde vozes diversas contribuem para políticas públicas mais inclusivas. Um
exemplo é a prática de “governança colaborativa”, em que cidadãos, especialistas e representantes
políticos criam em conjunto soluções que garantem decisões que refletem as necessidades reais da
sociedade.

Um dos maiores riscos em muitas organizações, especialmente políticas, é o cultivo de seguidores
leais a indivíduos, não a princípios. Líderes que exigem fidelidade inquestionável alimentam culturas tóxicas, onde críticas são silenciadas e erros escondidos. Em vez disso, lideranças éticas
cultivam comprometimento com um propósito comum, não com sua imagem pessoal, procuram a
lealdade em vez da fidelidade canina.

A verdadeira lealdade nasce quando as pessoas acreditam no projeto coletivo e veem no líder um
facilitador, não um soberano. Isso exige transparência, integridade e a coragem de admitir falhas
virtudes que fortalecem a confiança e previnem a corrupção.

Autocracias, embora prometam eficiência, geram desgaste social e crises prolongadas. Já lideranças
que agregam, inspiram colaboração que transformam desafios em conquistas coletivas. Na esfera
política, a urgência por lideranças servidoras é demasiado evidente.

No cenário atual, global, de ascensão de autoritarismos e populismos, é preciso resgatar a política
como instrumento de serviço, não de poder. Líderes compassivos e servidores na política são aqueles
que priorizam o diálogo, mesmo com opositores, com a plena consciência que consensos são
construídos na pluralidade; descentralizam o poder, promovem a participação cidadã em decisões
de interesse da coletividade, agem com empatia, reconhecendo que políticas públicas devem servir
para todos, sem descurar os mais vulneráveis.






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