(Im)Pacientes

Por: Miriam Silva

Abuso, desrespeito e humilhação!

Descaso dos males, das dores e da nossa aflição

Rostos tristes, faces abatidas, corpos derrotados

O chão… este, sim, se mostra o maior consolo.

Humilhados, desrespeitados e esquecidos

Quase que à sorte deixados,

À porta daquele Templo que seria não a salvação,

Mas, das dores, a nossa remissão.

Onde estão os nossos anjos? Onde estão?

Dos céus chegaram, mas ninguém os viu

Enquanto isso, por horas, espera-se impacientemente de saco vazio.

A nossa gente, a morna entoou!

Ao som dos gemidos, em uníssimo, canta os ais deste corpo

Quais almas jogadas à sua sorte em campos de infertilidade e desgosto,

Grifados a ferro quente, da cor da esperança, mas a fé já se abalou

E a esperança seca se tornou, igual à terra, tomada pelas pragas, ficou.

A nossa gente grita,

A nossa gente clama!

A nossa gente exige,

A nossa dor reclama!

A nossa gente já se esqueceu do verde da terra,

Da terra que nunca verdejante foi!

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