Por Nelson Faria
Desistir não é opção. Nunca foi. Nunca será. Augurar melhores dias, alimentar a esperança, orientar para o bem, para os equilíbrios da razão e do coração, para a sensatez, para o amor com racionalidade, com uma robusta resiliência que este tempo exige, creio, ser este o caminho.
Por mais que o desalento queira vencer, não permita. Por mais que a desesperança queira prevalecer, não permita. Por mais que o desânimo queira dominar, ânimo e alento, sempre!
Tempos difíceis, como este, requerem sabedoria, lucidez, sensatez… Requerem serenidade para que os desafios pessoais e da vida comum sejam ultrapassados, ao menos suportados com inteligência, com perseverança. Com esperança!
Tempos difíceis já foram, são e virão, tempos menos difíceis, também. Porque para nós nada nunca foi fácil. Digo, felizmente. O ciclo dos tempos difíceis e menos difíceis é eterno e o condão das adversidades nos ajuda a ser melhores Homens e Mulheres, melhor povo, melhor país, melhor nação, é uma bênção. Ao contrário do que se diz, nunca fomos pobres. Não somos pobres. Somos, sim, uma nação rica de Homens e Mulheres que fazem o nada ser muito. Que nos torna um David perante o Golias das nossas agonias e adversidades. Somos e seremos sempre ricos e fortes em valores, em princípios, em sabedoria, em conhecimento, em ações pró-bem, mesmo que a humanidade do chico-espertismo e da ganância se apodere de alguns. Somos um país de amor, de afeto, de todos. De cada grão valemos como uma nação forte e resiliente. Assim continuaremos.
Como escreveu Ovídio Martins:
“A nosso favor
não houve campanhas de solidariedade,
não se abriram os lares para nos abrigar
e não houve braços estendidos fraternalmente
para nós!
Somos os flagelados do vento-leste!
O mar transmitiu-nos a sua perseverança,
Aprendemos com o vento a bailar na desgraça,
As cabras ensinaram-nos a comer pedra
para não perecermos.
Somos os flagelados do vento-leste!
Morremos e ressuscitamos todos os anos
para desespero dos que nos impedem
a caminhada
Teimosamente caminhamos de pé,
num desafio aos deuses e aos homens,
E as estiagens já não nos metem medo,
porque descobrimos a origem das coisas
(quando pudermos!…)
Somos os flagelados do vento-leste!
Os homens esqueceram-se de nos chamar irmãos
E as vozes solidárias que temos sempre
Escutado são apenas as vozes do mar
que nos salgou o sangue,
as vozes do vento
que nos entranhou o ritmo do equilíbrio
e as vozes das nossas montanhas
estranha e silenciosamente musicais
Somos os flagelados do vento-leste!”