As espécies de Pinus canariensis, radeata e halepensis – conhecidas por Pinho – na Floresta do Planalto Leste estão sendo derrubadas “excessivamente” em nome da “limpeza florestal”. Tal situação preocupa a “FUNDAMENTAL-SA” – Fundação de Defesa, Preservação e Promoção do Desenvolvimento Ambiental Sustentável de Santo Antão – que alerta as principais instituições parceiras da ilha de Santo Antão para a resolução urgente do problema, antes que seja tarde de mais.
Segundo informações de técnicos experientes em manutenção e preservação florestal – analisando bem as fotos dos troncos amontoados divulgadas nas redes sociais -, o que está a acontecer neste momento nesse perímetro florestal é um “autêntico crime ambiental”. É que, para as espécies de Pinus (Pinhos) atingirem os 25 a 30 metros de altura, é necessário mais de 30 anos e neste momento estão no processo de renascimento, após os incêndios.
“Não temos nada contra a empresa contratada para o efeito, mas reconhecemos que ela não tem experiência para executar trabalhos do tipo. Não dispõe de técnicos florestais devidamente preparados para o acompanhamento exigido. Não conhece o historial dessas e outras espécies e desconhece as funções ambientais que o Perímetro Florestal tem para com toda a ilha de Santo Antão”, esclarecem.
De entre essas funções ambientais, que devem ser defendidas e preservadas por todos, destacam-se três: 1 – Protecção: Face à sua natureza e localização, a principal função da Floresta do Planalto Leste constitui a de protecção dos efeitos das cheias através da diminuição do escorrimento superficial. 2 – Recarga dos Aquíferos: Através da promoção da infiltração da água das chuvas e intercepção do nevoeiro pelas copas (precipitações ocultas), o perímetro desempenha um importante papel na manutenção do caudal das nascentes de todos os vales da zona Norte da Ilha de Santo Antão, ou seja, dos concelhos da Ribeira Grande e do Paul. 3 – Restauração dos Ecossistemas: As copas das árvores protegem o solo do impacto directo das chuvas, filtram os raio solares, contribuem para a formação da camada orgânica do solo, favorecendo assim o desenvolvimento da vegetação herbácea e arbustiva, de insectos e micro-organismos que desempenham um importante papel na formação do solo e o equilíbrio dos ecossistemas.
A Floresta do Planalto Leste, reconhecida como o “Pulmão de Santo Antão”, situada na confluência dos três municípios da ilha (Ribeira Grande, Paul e Porto Novo), é essencialmente coberta de pinheiros, cujas primeiras espécies vieram há mais de 150 anos da Serra da Estrela, em Portugal, e do Canadá. Mas tem-se notado que no Planalto Leste de Santo Antão os pinheiros crescem mais.
“Esse é um fenómeno que cientistas desses dois países (Portugal e Canadá) procuram compreender, buscando as razões que têm levado esses pinheiros do Planalto Leste a crescer ao longo de todo o ano. Admite-se, no entanto, que o facto possa estar relacionado com o clima do Planalto Leste, próprio de regiões temperadas”, esclarecem esses técnicos.
Dada a gravidade da situação, a “FUNDAMENTAL-SA” alerta as suas principais parceiras regionais, destacando-se as Câmaras Municipais da Ribeira Grande, Paul e Porto Novo e as delegações do Ministério do Ambiente e Agricultura (MAA), para em conjunto colocarem termo no “abate excessivo” das espécies de Pinho)” na principal reserva florestal de Santo Antão e do país, em geral, antes que seja tarde de mais.
Manuel João Nascimento