Por Nelson Faria
Em primeiro lugar, parabéns ao vencedor, o MPD e o cliché: “o povo é soberano”. Decidiu e decidido está. Como tudo indica, pelo resultado das eleições do dia 18 de Abril de 2021, continuará a governar o país com maioria absoluta, saindo-se vencedor em, praticamente, todo o território nacional, perdendo na diáspora, porém, sem significado para os resultados finais a nível dos mandatos.
Estando decidido e tendo merecido a confiança desejada, a expectativa é de se cumprir o prometido: uma governação do país, independentemente das cores, com objetivos claros a nível de crescimento e desenvolvimento, visando soluções efetivas e estruturais sobre os principais desafios que nos assolam, cumprindo as promessas, orientado por princípios e valores de humildade, diálogo, tolerância, respeito, transparência, lucidez, de serviço público.
A oposição fez o que pôde para ganhar as eleições, mas não conseguiu. Passou a sua visão alternativa e foi sufragada pelos eleitores que acreditaram nela, entretanto, sem ser suficiente. Contudo, cabe agora resignar, aceitar e respeitar os resultados do pleito eleitoral. Cabe igualmente cumprir o papel que lhe é destinado na democracia para que efetivamente a governação se traduza em resultados que satisfaçam o país. Fiscalizando e intervindo para correção quando necessário e cooperando quando a situação assim o exigir.
Creio que a conjuntura de governação que se segue é das mais desafiantes de sempre. Contexto que exigirá menos crispação e mais colaboração, menos arrogância e mais humildade, menos confrontação e mais solidariedade, menos egoísmo e mais altruísmo, menos monólogos e mais diálogos de todos, entre todos, os atores políticos e sociais. As consequências sanitárias e económicas da COVID 19 respaldarão em todos, direta ou indiretamente, podendo levar a situações extremas quer na saúde quer na vida económica e social. Por isso, nunca foi tão necessário baixar o machado de guerra pós-eleições como agora.
É tempo de ver o adversário político, adversário político, como um cooperante de visão diferente e não como inimigo ou alvo a abater. É tempo de não clamar partidos, mas sim zelar pelo país, pela sua união e bem-estar. As crispações exacerbadas em nome da paixão partidária, se não bem resolvidas e acalmadas, podem perigar a paz social num contexto tão delicado como o que viveremos nos próximos tempos. Ultrapassado o pleito eleitoral, é tempo de focar no essencial.
O foco deve ser o essencial: o país, sua gente, ultrapassar o COVID 19 e seus desafios, todos eles, orientar para um desenvolvimento harmonioso e justo do país. Só assim manteremos a tão desejada paz social e venceremos os desafios do desenvolvimento. Viva Cabo Verde!