Da série “A minha terra tem heroínas anónimas”

Diaza na munde”, criei uma equipa de andebol, e treinávamos todos os dias no polivalente da Ribeira Bote. Divertia-me imenso e via as jovens da minha zona ocupando o tempo com exercício físico, “mim jame larga fma, Djuica”…

Por: João Henrique Delgado Cruz

Yuca e Zizi chegaram a internacionais, mas CÉU era a mais forte, com uma aptidão física extraordinária. A vida chamou-a para outros treinos. 

A Céu é daquelas mulheres  que não adoecem e nem se entristecem. Tem um manto protetor que dá aos filhos do seu ventre e aos desventrados da vida. Distribui o prémio de jogo de baloi com humor brejeiro, “um dia um ba dá um cafê pe compra cmida pe nhe fidje, um larope pegam na polpa, um ranca”.

A grandeza de Céu não tem limites.

Contou-me, timidamente, que encontrou Folha e Robe d’Djula doentes e andrajosos andando pelas ruas do Mindelo, sem ninguém. Levou-os para sua casa, cuidou deles até a morte, “ês morre que dignidade, nhe emigue”.

Sentir a amizade de CÉU, para mim, é uma dádiva.

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