Cuidar da Casa Comum

     Por Maurino Delgado             

Cuidar da Casa Comum vai ser o meu cartaz. Eu vou participar na Marcha pelo Clima, pelo Planeta, pelos Oceanos e pela Enseada de Corais da Laginha e convido toda a gente para esse grande evento, pela sustentabilidade do clima a nível global, no dia 27 de setembro, com a concentração na Laginha, às 17H00, cinco horas da tarde. Para o Clima, de certeza toda agente vai, ninguém fica em casa!

Cuidar da Casa Comum é o pedido que os sucessivos Papas vêm fazendo a nível ambiental e ecológico. O Papa Francisco reforça esse pedido à família humana e clama por sua urgência de ação imediata.

Perante a degradação ambiental do Planeta, de que o homem, por ignorância ou ganância, tem sido o maior responsável, se queremos sobreviver, temos que cuidar da Casa Comum. No ponto em que chegamos, de quase insustentabilidade da vida no planeta Terra, por causa da degradação do meio ambiente, só com uma forte consciência ambiental se poderá salvar a Terra. O Papa Francisco, refletindo com profundidade sobre os problemas ambientais e ecológicos, clama por essa consciência ambiental através da Encíclica, Laudato si, que em português, traduz-se, Cuidar da Casa Comum.

Salvar a Terra é salvar a vida! Quando a Terra, a nossa Casa Comum não tiver a necessária  sustentabilidade, faltar a água;  o ar que respiramos não tiver a qualidade mínima; continuar a degradação do solo arável ou mesmo o seu desaparecimento, provocado pelos agentes erosivos, de que o homem é o maior agente responsável;  continuar o desaparecimento das florestas que enchem os nossos pulmões de oxigénio; a destruição da biodiversidade; a poluição dos mares; enquanto o homem continuar a fazer o mau uso da Casa Comum, poluindo e destruindo a Natureza,  estamos, estupidamente, cavando a nossa própria sepultura.

Cristãos e não cristãos! Oiçamos o apelo do Papa Francisco que diz: “O desafio urgente de cuidar da casa comum inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar. A humanidade possui ainda a capacidade de colaborar na construção da nossa Casa Comum.” E enfatiza: “Desejo agradecer, encorajar e manifestar o meu apreço a quantos, nos mais variados setores da vida humana, estão a trabalhar para garantir a proteção da Casa que partilhamos. Uma especial gratidão é devida àqueles que lutam por resolver as dramáticas consequências da degradação ambiental na vida dos mais pobres do mundo. Os jovens exigem de nós, uma mudança; interrogam-se, como se pode construir um futuro melhor sem pensar na crise do meio ambiente e no sofrimento dos excluídos?

O Professor da Universidade Católica, João Ambrósio, num encontro da Rede da Casa Comum: “também somos Terra”,  dedicado a refletir, a pensar e a rezar a criação, dentro da orientação da Encíclica Laudato sí, do Papa Francisco, diz  que não cuidar da Casa Comum vai afetar em primeira mão, os mais desfavorecidos, os mais frágeis, os mais pobres. Cuidar do ambiente, cuidar da ecologia, cuidar desta Casa Comum é cuidar de todos os que fazem parte desta rede viva. Diz ainda que os pequenos gestos, fazem toda a diferença na mudança de mentalidades, primeiro, porque se todos o fizerem, as coisas mudam radicalmente e a segunda ordem de motivo, por ventura a mais importante, é que não se mudam mentalidades, se não se começar a mudá-las, por pequenos gestos”.

Pois bem!  A marcha que, em boa hora, o Grupo de apoio à Enseada de Corais da Laginha, em parceria com diversas organizações da Sociedade Civil organiza, quer ser uma iniciativa para unir todos os cabo-verdianos, sensibilizar, mudar mentalidades, chamar a atenção de toda a população, para a responsabilidade que cabe a cada pessoa,  porque o sucesso dessa tarefa a nível global vai depender do nosso comportamento com o ambiente, no dia a dia.

De agentes poluidores como temos sido, temos que passar a ser agentes que provem a sustentabilidade ambiental, para cuidarmos da Casa Comum. Por todas essas razões, nós todos devemos participar na Marcha a favor do Clima e não podemos deixar destruir a Enseada de Corais da Laginha, porque ela é um ativo muito rico para São Vicente, pela sua beleza, diversidade biológica e valor económico por causa do turismo. Não podemos consentir que seja destruída a Enseada de Corais porque isso seria mais um crime ambiental cometido pela Câmara Municipal de São Vicente como tantos outros que vem cometendo nesta Cidade, vendendo espaços verdes já consolidados para especulação imobiliária, destruindo praças para o mesmo fim, etc.

A Câmara Municipal de São Vicente, em vez de promover a sustentabilidade desta Cidade, cumprindo a sua missão definida pela Constituição, Estatuto dos Municípios e demais leis do Estado e ainda do compromisso sob juramento solene de defender os interesses dos Munícipes, faz o contrário. Destrói a sustentabilidade da Cidade.  Os Munícipes de São Vicente, têm que tomar consciência de que esta situação não pode continuar, sob pena de aniquilarmos a Cidade do Mindelo, a nossa Casa Comum.

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