O Taekwondo em São Vicente prepara para enviar ao Senegal dois atletas para competir no Open de Dakar, que acontece nos dias 2 e 3 de Fevereiro. O instrutor Admilson Monteiro afirma que, apesar das dificuldades que esta modalidade “esquecida ou discriminada” passa, há bons talentos na ilha que necessitam de maior atenção.
“Sabemos qual o tratamento que o governo dá ao futebol em relação às outras modalidades. Há uma diferença enorme pelo que não podemos falar de igualdade desportiva”, lamenta Admilson Monteiro, instrutor de Taekwondo.
Apesar das dificuldades, diz Monteiro, os atletas treinam com a mesma garra e vontade e, quando vencem algum prémio nas competições regionais ou nacionais, são os primeiros a disponibilizar os valores para compra de materiais para a escola. Esta escola social de arte marcial, que ensina os atletas de forma gratuita, trabalha mais do que o lado físico dos jovens. “O nosso objetivo não é competir para ganhar. Não trabalhamos apenas o físico do atleta, trabalhamos igualmente o seu lado emocional e fazemos com que se sintam primeiramente incluído no grupo. Além disso, é uma forma de mantê-los ocupado”, assegura o nosso entrevistado.
Este professor afirma que sempre praticou artes marciais, mas foi só no Taekwondo que se encontrou. Explica que esta arte marcial está a viver a sua melhor fase em São Vicente, com cerca de 70 praticantes e muita procura. Utilizam o espaço no Centro Juvenil Nhô Djunga para as aulas e na Associação de Boxe da Ribeira Bote, o que lhes permite dividir as equipas, melhor a gestão de espaço e do tempo.
O grupo criou um projeto que engloba as vertentes social, desportiva e ambiental. No que toca ao social, estão a preparar uma equipa para ajudar os jovens a resolver problemas de carácter. Em paralelo, estão a formar outra equipa para consciencializar a sociedade para os problemas ambientais. A iniciativa visa ainda atrair jovens e usar o Taekwondo como trampolim para engajar os praticantes noutras modalidades .
A prática da modalidade em São Vicente surgiu depois do praticante de Taekwondo Gilson Rodrigues regressar a S. Vicente, há oito anos, com o intuito de implementar a modalidade da WTF – World Taekwondo Federation – em Cabo Verde. Rodrigues esteve alguns anos à frente desse estilo marcial na cidade do Mindelo e organizou o primeiro campeonato nacional.
Neste momento Adilson Monteiro, que iniciou com Gilson Rodrigues, é quem dá seguimento ao trabalho iniciado pelo seu mestre. Além do open no Senegal, o grupo treina atletas para participarem em Julho nos Jogos Universitários de Napoli, Itália.
O “Tae” é um dos desportos considerados mais caros pelos praticantes porque todos os anos há actualizações, novidades que a federação internacional obriga que sejam implementadas.
Sidneia Newton (Estagiária)