O Nacional de Andebol Masculino iniciou ontem em São Vicente com as vitórias das equipas do Fidjus di Tabanka, Desportivo da Praia e Atlético do Mindelo. O Atlético, atual campeão nacional da modalidade, começou a defesa do título com a conquista dos três pontos frente aos Madrugadores de Santo Antão e assumiu o favoritismo na prova. “Temos que assumir essa responsabilidade e procurar dar o máximo, jogo a jogo, para dignificar o andebol em São Vicente e revalidar o título”, disse o técnico Aquilino Fortes.
A equipa do Atlético esteve sempre no comando do marcador, tendo alcançado uma margem de cinco-seis bolas, que manteve durante um largo período de tempo. No entanto, os atléticos não tiveram vida fácil. Aliás, Fortes admite que foi uma partida difícil, ao nível dos jogos típicos do nacional, competição em que todas as equipas vão com o objectivo de levar o troféu para a sua região desportiva. O treinador do Atlético está consciente que a tarefa não será fácil e espera por isso encontrar jogos bastante equilibrados e difíceis. Em relação a primeira partida, considera que a equipa esteve a um “bom nível” frente a adversária que defende alto, com marcações individuais “complicadas” e que obrigou a uma adaptação do Atlético.
Este técnico, que na semana passada conquistou o titulo nacional em feminino, admite que, por se ter ausentado por uma semana, não pôde estar presente para corrigir alguns aspectos. No entanto, neste momento mostra-se focado no campeonato masculino.
Por sua vez, Juary Nobre, técnico do Madrugadores lamentou as falhas defensivas cometidas pela sua equipa. Para ele, o combinado do Porto Novo não esteve bem nesse sector e não conseguiu respeitar as suas instruções. Os atletas, na sua análise, pecaram e sofreram golos “inadmissíveis”, quando tinham condições para fazer um resultado melhor. Também condenou a arbitragem, que, na sua opinião, influenciou, em parte, no resultado. “A arbitragem não nos permitiu avançar. Em determinados momentos conseguimos recuperar algumas bolas, mas a arbitragem começou a penalizar nossos jogadores com dois minutos. Não sei de onde surgiam estas penalizações, que condicionaram nosso jogo e nossa equipa. Não percebo estas situações”, lamentou Nobre.
Para Juary Nobre, o facto de jogarem com o campeão nacional fez com que tivessem um outro tipo de postura em campo. Mas, a seu ver, a equipa de Santo Antão está em desvantagem no campeonato por outras razões, nomeadamente por ter participado num campeonato curto, que obrigou a equipa a ficar mais de dois meses sem competir. Outra razão apontada é o lugar que, para ele, o desporto tem na ilha das montanhas. “Em Santo Antão festas são mais importantes do que o desporto. Privam-nos dos treinos, bloqueiam-nos os recintos desportivos e temos muitas dificuldades em fazer um treino digno. Não conseguimos competir porque não há espaço que para a associação possa realizar as competições. Enfrentamos uma serie de dificuldades“, desabafou, que parabenizou o Atlético pela vitória. Para ele, a equipa da casa esteve melhor. Aliás, o Atlético venceu por 40 x 35.
Embate entre Santiago e Sal
O jogo de abertura foi um embate entre as ilhas de Santiago e do Sal, mas também entre dois técnicos portugueses. Um confronto equilibrado, marcado por uma grande virilidade e que terminou com a formação Fidjus di Tabanka a conseguir uma importante vitória sobre a Académica do Sal por 31 x 29.
Para o técnico da Micá do Sal, Sérgio Albuquerque, foi mesmo um jogo “renhido”. “Um grande jogo de andebol, com duas equipas bem organizadas que sabiam o que fazer em campo. Joguei contra uma equipa que conseguiu fazer todas as táticas e dinâmicas dos seus jogos”.
A equipa salense, salienta Albuquerque, teve dificuldades em travar os ataques do Tabanka e falhou nos ataques. Apesar disso, conseguiu recuperar de 7 para 2 golos de desvantagem, já no final do jogo. Para o treinador português, nada está perdido porque “a Académica já foi campeã nacional, começando a perder o primeiro jogo”.
Depois da derrota, o treinador admite que o momento é para refletir, aproveitar o que fizeram de bom no jogo para continuar no próximo e aprender com os erros. O objetivo, segundo Albuquerque, é vencer jogo a jogo, até porque vê a sua equipa como uma candidata igual as outras para conquistar o título. Pediu, por isso, desculpas aos adeptos pela derrota e, ao mesmo tempo, deu os louros à formação do Tabanka. Agora tem os olhos postos na equipa da Académica da Boa Vista, que será a próxima adversária.
Ja o seu conterrâneo António Santos, que veio de Portugal para treinar a equipa Fidjus di Tabanka para este nacional, valorizou a vitória perante um adversário que considera ser um dos candidatos a marcar presença na fase final do campeonato. Na sua visão do jogo, foram sucedidos “pelo trabalho bem conseguido da equipa, principalmente no sector defensivo, com uma muralha na baliza e rápida nas recuperações”. Na segunda parte fez algumas modificações, abdicando do contra-ataque e da reposição rápida de bola ao centro. Alega ter sido um jogo exigente, em que era preciso esgotar as capacidades e ultrapassar os limites para conseguir resultados.
António Santos admite que é um treinador ambicioso, que vem de “grandes” equipas de andebol de Portugal e que são muito competitivas. Explica que teve três semanas para trabalhar com a equipa, por isso encontrou na defesa a formula para tentar chegar longe neste nacional, colocando principalmente o guarda-redes a trabalhar com bloco.
Farense, vítima da inexperiência
Já Farense, uma das equipas mais jovens da prova, deu trabalho ao experiente plantel do Desportivo da Praia, mas não conseguiu segurar a vantagem na segunda parte, mesmo com uma massa adepta barulhenta e que apoiou a equipa até o minuto final. Edmilson Semedo, o treinador do Desportivo da Praia, concorda que foi uma boa vitória, mesmo tendo começado mal o jogo. “ A reviravolta no marcador veio da vontade de vencer frente a uma equipa da casa que tinha muito apoio da plateia. Isso motivou a equipa para mudar o resultado”, assegura o treinador, que também tinha nas bancadas alguns adeptos.
A verdade é que o Farense é uma equipa jovem, que se mostrou adulta na primeira meia hora de jogo. Soube levar uma vantagem de dois golos para a segunda parte, altura em que acusou dificuldades em se adaptar a pressão contínua da formação adversária. O Desportivo avançou a defesa, conseguiu recuperar várias bolas que converteu em golo em lances de contra-ataque, até fechar a partida pelo score de 20 x 25.
Para o treinador Elton Santos, a equipa deu garantias de qualidade e mostrou ter futuro. “Provamos aqui que temos uma grande equipa, com boa margem de progressão a longo prazo, com qualidade e que o nosso melhor desempenho vai passar por saber usar a cabeça nos jogos. O Desportivo apresentou uma defesa mais subida na segunda metade. Os meus jogadores estavam preparados para estas situações, mas tiveram dificuldades em assimilar as jogadas, devido a sua juventude”, lamenta. Nesta estreia, o Farense cedeu à pressão, mas a equipa promete aos adeptos que ainda tem “uma palavra a dizer neste campeonato” e que, enquanto matematicamente for possível, irá manter viva esta esperança.
A 2ª jornada do nacional põe hoje põe frente a frente o Farense e o João Baptista de São Nicolau. O Madrugadores defronta K. Kobra do Fogo e a Académica da Boa Vista encara o Fifjus di Tabanka no polivalente de Oeiras.
Sidneia Newton (Estagiária)