O título nacional de futebol voltou a ficar na região desportiva de S. Vicente. A Académica do Mindelo venceu a formação da Palmeira por 1 a 0 na grande final da prova, com golo de Tchuquim na segunda parte, e volta a sentir o gosto de campeão de Cabo Verde 33 anos depois. O atacante entrou de rompante na sequência de um canto executado por Maniche e marcou o único golo da partida aos 76 minutos.
A Micá conseguiu o tento da vitória com 10 elementos em campo, dois minutos depois de Valdir ver o segundo amarelo e a consequente cartolina vermelha. O meio-campo da Académica hesitou num atraso, perdeu a posse do esférico para Rendrick e acabou por puxar os calções do atacante salense, quando este estava prestes a ficar perigosamente isolado.
A jogar com 10, a Académica tornou-se mais perigosa e voltou a vencer em desvantagem numérica no campeonato nacional. “Quase vamos passar a jogar com dez”, disse, em jeito de brincadeira, o treinador Carlos Machado, que deu a honra da vitória ao seu grupo de trabalho, em especial aos jogadores. Segundo o técnico, a Micá sofreu muito no jogo, mas, para ele, a entrada de Gogol deu gás à equipa. “Estou muito orgulhoso de ser treinador destes rapazes!”, exclamou.
Na primeira parte, a Micá sentiu a pressão da Palmeira, que criou algumas oportunidades de golo. Nos primeiros dez minutos, o combinado salense dominou o terreno de jogo com lances rápidos e remates à baliza defendida por Piduca. A Académica, por seu lado, apostava nas bolas em profundidade, especialmente pela ala esquerda, a solicitar a intervenção de Lela e Mica – mas sem grandes eficácias.
As equipas foram para o intervalo empatadas a zero. No segundo tempo a Académica entrou mais organizada, mas acabou por ficar com 10 elementos em campo, devido a expulsão de Valdir. E marcou logo de seguida, para delírio dos adeptos presentes no estádio municipal da Boa Vista, que registou uma enchente.
Palmeira tentou o golo do empate, mas a Micá soube suportar a pressão da equipa comandada pelo técnico Dichinha. Piduca foi chamado a defender as redes da formação de S. Vicente nos últimos minutos e chegou mesmo a ver o cartão amarelo por demorar muito tempo a colocar o esférico em jogo.
Esta é a segunda final consecutiva que o treinador Dichinha vê voar por entre os dedos. Perdeu contra o Mindelense, enquanto treinador do Oásis, e agora frente a Académica do Mindelo. Agora espera que a terceira seja de vez.
Em relação a esta final, Dichinha afirma que faltou à sua equipa discernimento no momento da finalização. “Mas, no futebol, quem marca é que vence e a Académica marcou e soube segurar o resultado. Temos é de dar-lhe os parabéns e continuar a lutar”, diz o técnico, para quem Palmeira merecia sagrar-se campeã pelo nível do jogo apresentado.
Com esta vitória, a Académica do Mindelo volta a ser campeã de Cabo Verde, após as conquistas to título em 1953, 1964, 1967 e 1989.