Hipólito Lima, treinador de boxe, satisfeito com prestação de David de Pina nos Jogos Olímpicos

 

O eterno boxer e agora treinador Hipólito Lima, apaixonado pela modalidade desde sempre, se diz muito satisfeito com a prestação de David de Pina nos Jogos Olímpicos Paris 2024, que garantiu esta sexta-feira a primeira medalha olímpica na história de Cabo Verde. Em entrevista ao Mindelinsite, este antigo atleta, que já representou o arquipélago no Senegal, Gambia e Franca considera que a conquista de David de Pina e uma vitória das escolas de boxe e do arquipélago.

Prestes a completar 66 anos, Hipólito conta que começou a praticar boxe com 13 anos, por iniciativa própria. “Assistia treinos e combates na Praça Estrela de Orlando, Kaukula, Manchina, Djon Chala, Mane Preta, entre outros. Senti-me motivado e comecei a procurar um treinador. Fui encaminhado para o Artur Boxe, com quem trabalhei mais de 20 anos. Treinava no Vindos do Oriente, Alfândega Velha e dentro da sua própria casa. Passávamos as cordas no cume das telhas e penduramos os sacos para treinar”, conta.

Desde então nunca mais parou, tendo passado por vários treinadores ao longo dos anos. Ganhou muitos títulos em São Vicente e chegou a representar Cabo Verde em competições no Senegal, Gâmbia e na França, a convite de Jack Karaté. Após pendurar as luvas, tornou-se treinador. E nunca se arrependeu. “Tenho tentado envolver outras pessoas na prática do boxe, no polivalente da Ribeira Bote. Neste momento, tenho muitas atletas comigo, homens e mulheres. Somos vários treinadores, cada um com o seu horário.”

Para Hipólito Lima, a modalidade boxe é inspiração e paixão. “E uma arte de que gosto muito. Por isso estou nele e vou continuar. Sou funcionário da Câmara de São Vicente. Comecei no Serviço de Saneamento e agora faço segurança na Casa da Criança. Todos os dias, depois do meu dia de trabalho, sigo para o treino. E não me canso porque é algo de que gosto. Só chego em casa depois das 18h30”, sublinha, destacando o apoio que sempre recebeu de amigos e familiares.”

Agora, prestes a completar 66 anos, Hipólito Lima admite que a família, principalmente a mulher, mudou de atitude e quer que fique em casa, com o argumento de que é cansativo e diminui o seu tempo em casa. Mesmo assim não pensa em abrandar ou parar. “Acredito que vou ficar aqui ainda durante muito tempo. Penso que, se parar, vou ‘canhambrar’. E agora mais do que nunca porque o boxe está em alta, sobretudo após o triunfo de David de Pina nos Jogos Olímpicos de Paris 2024.”

Hipólito aproveita para desejar sorte e felicidade porquanto, afirma, David de Pina está neste momento a representar todas as escolas de boxe de Cabo Verde. “A sua conquista e de todas as escolas, de todos os cabo-verdianos. Estou satisfeito e acredito que todos os treinadores. Espero que mais atletas cheguem lá. Infelizmente, tenho assistido a um retrocesso na modalidade em São Vicente devido a algumas regras que estão a surgir e que não abonam a favor do boxe.”

O treinador responsabiliza dirigentes, dizendo que “muita coisa” está a ser plantada no boxe e não constam dos estatutos, o que tem gerado descontentamento entre os praticantes e treinadores. Hipólito alega interferência no trabalhado dos treinadores. “Temos dirigentes que querem levar o boxe fora de regras. Penso que preparar um atleta para competição exige uma preparação de no mínimo seis meses a um ano, mas os dirigentes tentam impor atletas, mesmo contra a vontade dos treinadores.”

 

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