Estreia “espectacular” da CVTS em S. Vicente – Organização prepara prova com a maior participação de atletas internacionais em 2026

A organização do Cabo Verde Trail Series pretende fortalecer a competição em S. Vicente para registar, já em 2026, a série com maior participação de atletas internacionais na história do circuito. Para o efeito, decidiu divulgar até dezembro a data da prova para que os competidores de outros países tenham tempo de programar a sua deslocação a Cabo Verde. “O primeiro ponto que temos de cumprir é divulgar a data com antecedência porque, não fazendo isto no tempo certo, pode afectar a agenda dos corredores internacionais. Tem havido constrangimentos provocados por falta de previsibilidade e queremos evitar isto”, sublinha Francisco Dias, membro da CVTS.

Ontem aconteceu a estreia de S. Vicente no Cabo Verde Trail, que contou com quase uma dezena de atletas internacionais, nomeadamente da França e de Portugal. A meta agora é muito mais ousada, conforme esta fonte, pelas condições logísticas extraordinárias da ilha que, enfatiza, tem capacidade de hospedagem e recebe voos directos da Europa.   

Segundo Francisco Dias, Mindelo registou uma estreia “surpreendente” e ganhou estatuto de polo estratégico para o Cabo Verde Trail Series. A perspectiva é que venha a ter o seu destaque próprio, tal como acontece com o Triangle Trail em Santo Antão e o Vulcão Trail na ilha do Fogo. Aliás, a organização quer realizar no próximo ano um trail combinado entre as ilhas de S. Vicente e de Santo Antão, que será uma espécie de “campo trail” com a presença de competidores internacionais.

O porta-voz da CVTS mostrou-se satisfeito com o número de participantes na etapa do Mindelo, que ultrapassou duas centenas de inscritos: 25 atletas no Trail Longo, 45 no Trail Curto, 29 no Trail Jovem e mais de cem na Caminhada. Os participantes foram, na sua maioria, pessoas residentes em S. Vicente. Este número, segundo Francisco Silva, superou a expectativa. Adiantou que as etapas realizadas até então noutras ilhas tiveram, em média, entre 70 a 90 corredores.

A etapa disputada em S. Vicente começou logo pela manhã deste domingo a partir da praia da Lajinha, que foi ponto de partida e meta. A expectativa maior pesava sobre o Trail Longo em masculino e feminino, um percurso de 27 km por entre vales cheios de pedras e subidas ingremes. Para tornar as coisas mais difíceis, a ilha amanheceu com um calor abrasador.

Na categoria masculina, Ivan Fortes, 23 anos, superou a concorrência e registou a sua segunda vitória no circuito, após ganhar a etapa da ilha da Boa Vista. O atleta da Jal Domus Nostra, da ilha de Santo Antão, fez 2 horas e 9 minutos e mostrou-se satisfeito com o resultado. Salientou que manteve uma vantagem confortável dos adversários e, para ele, a parte mais desafiante da corrida foi a subida para a praia de Jôn d’Ebra. Com duas vitórias na conta, Ivan quer conquistar, pelo menos, mais duas etapas e ficar bem posicionado para se sagrar campeão do circuito no trail longo.

Edna Lima, 37 anos, foi a mais rápida no Trail Longo feminino. Admite que foi bastante duro percorrer os 27 km, muito por conta dos terrenos cheios de pedregulhos. “Há pouca montanha, mas deparamos com terrenos difíceis”, comentou a atleta natural de Santo Antão, residente na ilha de Santiago, que mantém um plano de treino rigoroso. Esta atleta internacional ficou no segundo lugar na etapa da Boa Vista, mas traçou como meta vencer a próxima, que será na ilha de Santiago.

No Trail Curto, distância de 23,5 km, o pódio foi liderado por Willian Santos, natural da ilha das montanhas. Pouco conhecedor dos trilhos de S. Vicente, acabou por enfrentar algumas dificuldades, mas, para ele, a prova foi espectacular. “A parte mais difícil foi a subida de Jôn d’Ebra. Mesmo assim, a prova foi disputada a bom ritmo”, disse o atleta nascido em Ribeira das Patas e que veste também o símbolo da Jal Domus Nostra.

Foi um enorme desafio para Dilma Lima aguentar as exigências do Trail Curto, mas foi gratificante para ela cruzar a meta em primeiro lugar. “Foi um percurso difícil e não estava com o treino em dia. Participei por incentivo de colegas”, relatou a atleta, que sentiu também sérias dificuldades para ultrapassar a barreira de Jòn d’Ebra. Dilma já chegou a concorrer no Triangle Trail em Santo Antão e pretende continuar a competir no circuito deste ano, desde que consiga dispensa do trabalho.

Os atletas de Santo Antão dominaram o pódio nesta etapa do CVTS disputada em S. Vicente. A ilha, refira-se, tem conseguido conquistar vários troféus nas provas de atletismo tanto na pista plana quanto nos trilhos. A organização do circuito perspectiva agora um crescimento de S. Vicente na modalidade de trilhos com a realização desta etapa e a promessa de manter a ilha no circuito nacional.

O Cabo Verde Trail Series 2025 começou na Boa Vista, teve a segunda etapa agora em São Vicente, continua em setembro em Santiago, depois no Fogo em outubro, São Nicolau recebe a prova em novembro e, finalmente, em dezembro será a vez de Santo Antão, que irá ainda acolher a gala nacional final da prova.

Sair da versão mobile