Após polémica saída de Mané Trovoda, crise no basquetebol aumenta: Jogadores negam competir sob a liderança da actual direção da FCBB

 A crise no basquetebol ficou mais profunda e está a colocar em risco o apuramento de Cabo Verde para o Mundial, com jogos agendados para o final do mês de novembro. Após a polémica rescisão do contrato do treinador Emanuel “Mané” Trovoada, os jogadores da seleção afirmaram em comunicado que se recusam a participar em qualquer prova internacional sob a liderança da actual direção da federação da modalidade, presidida por Hélder Gonçalves.

No documento, os atletas começam por manifestar o seu “profundo” descontentamento e preocupação sobre a gestão da FCBB e trazem como exemplo os problemas vividos pela seleção em competições internacionais, como aconteceu com o Afrobasket´25. Acerca deste episódio, os jogadores salientam que os preparativos para o torneio foram marcados por um “alarmante nível de desorganização e amadorismo”, que comprometeu os seus desempenhos e dignidade. Especificam que os estágios realizados na França e em Portugal foram afetados por falhas logísticas graves, como falta de condições de treino e problemas de alojamento e pagamento, que provocaram a saída precipitada da equipa do centro de estágio em Rio Maior.

Outro ponto criticado tem a ver com a gestão financeira de fundos destinados à preparação da seleção para a referida prova. “Fomos forçados a depender da intervenção crucial da diáspora e de outras entidades, como o Instituto do Desporto e da Juventude (IDJ) e o Comité Olímpico, para cobrir despesas básicas de alojamento e logística, ponto em risco a nossa participação”, denunciam os atletas, que, dizem, ainda sequer receberam a ajuda de custo diária dos jogos do Afrobasket. Acrescentam que tiveram de assumir tarefas administrativas que competiam à federação, incluindo a comunicação directa com a FIBA para garantir a inscrição oficial de C. Verde no “Afro” realizado em Angola.

Para os subscritores, a conduta da actual liderança da FCBB demonstrou falta de profissionalismo e respeito para com os jogadores que dedicam o seu tempo e talento à seleção. Reforçam que tiveram um tratamento indigno, tendo a FCBB desrespeitado o acordado valor das ajudas de custo. “A culminar, a nossa viagem de regresso de Angola foi gerida de forma improvisada e desrespeitosa, culminando no abandono da comitiva por parte de membros da direção em Lisboa, sem qualquer aviso ou organização para o seguimento da viagem dos atletas”, reforçam. E mais: os signatários afirmam que houve tentativas de interferência na hierarquia e na coesão da equipa por parte da direção da FCBB durante momentos cruciais do estágio, bem como a divulgação inoportuna de vídeos de apelo, que afectou o foco competitivo.

As “recentes e dolorosas” despedidas de figuras históricas da seleção – como são os casos de Keven Gomes e Betinho Gomes – bem como as declarações de “profundo desencanto” de Ivan Almeida, são vistos pelos atletas como o reflexo claro do “esgotamento e frustração” gerados pela “má gestão” da FCBB. Salientam que a postura da liderança da federação desvaloriza o património desportivo construído e ignora a dignidade dos seus melhores representantes.

Deste modo, o grupo faz um apelo urgente à transparência porque, diz, o que está em causa não são apenas resultados desportivos, mas a integridade da imagem de Cabo Verde no panorama internacional e o futuro do basquetebol nacional. Os atletas fazem, por isso, um veemente apelo ao Governo, IDJ e Comité Olímpico para que realizem uma investigação exaustiva e transparente aos factos expostos e que analisem as contas da FCBB. Salientam que, perante este quadro, o silêncio institucional é inaceitável e perigoso.

Os atletas advertem que aguardam por uma resolução urgente da situação. Tendo em conta as irregularidades e falta de pagamento que persistem, dizem que se recusam a participar em qualquer evento da FIBA liderado pela actual direção da FCBB, presidida por Hélder Gonçalves. Terminam o comunicado exigindo respeito, profissionalismo e transparência.

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