Os treinadores e jogadores do Boa Vista da Praia e da Palmeira do Sal dizem estar preparados, focados e concentrados para a derradeira partida desta edição do Campeonato Nacional de Futebol, que vai ser disputada este sábado no Estádio Adérito Sena, em São Vicente. Os axadrezados Edivaldo Carvalho e Paulo “Xibaca” Martins e os ‘verdes’ António “Toca” Leite e João “Djão” Paulo revelaram as suas posições numa conferência de imprensa para fazer a antevisão do jogo.
O treinador Edivaldo Carvalho perspectiva um bom jogo de futebol entre duas equipas que, pelo seu percurso neste campeonato, dispensam apresentações. Por isso, diz esperar uma boa moldura humana para testemunhar o espetáculo no estádio neste que será um grande dia para o futebol nacional. “O facto de chegarmos à final leva-nos a fazer um balanço positivo da época. A equipa está bem. Praticamente todos os jogadores do plantel que jogaram durante esta fase estão disponíveis para amanhã. Esperemos façam um bom jogo para podermos fechar este campeonato com chave de ouro. ”
Este “coach” reconhece os méritos da equipa da Palmeira que, afirma, tem estado com um desempenho perfeito esta época, mas acredita que a sua equipa tem 50% de chances de conquistar o nacional. “Iniciamos esta prova com 10% de chances de vencer e hoje atingimos os 50%. O nosso foco é chegar aos 100%. Arrancamos mal, mas a derrota teve um lado positivo. Logo no primeiro treino a seguir estivemos mais de uma hora em conversa para repor a tranquilidade. Mostramos aos nossos jogadores que nada estava perdido. Assistimos e analisamos o jogo junto e percebemos o que podíamos fazer para ganhar. Entendemos que o caminho para frente era maior que o percorrido.”
E o resultado foi notório. A equipa conseguiu o ‘passaporte’ para a próxima fase com quatro vitórias, pontua Edivaldo, que elenca como objetivo maior do Boa Vista não ser mais um campeão em título afastado da final. “Queremos vencer. É mais fácil motivar os jogadores porque todos querem vivenciar as emoções da final. Esta é a nossa ‘Liga dos Campeões’, a nossa maior montra do futebol. Apenas uma das duas equipas pode vencer e temos um adversário que nos inspira, tendo em conta todo o seu percurso. O Palmeira ganhou a Taça de Cabo Verde, após disputar a sua terceira final. Toda a sua estrutura, equipa técnica e jogadores tiveram paciência com o projecto até alcançar êxito.”
Também o treinador do Palmeira mostra-se confiante. Segundo Toca Leite a equipa está tranquila e motivada numa altura em que está prestes a concluir uma longa época. “A nível nacional a Palmeira esteve em duas competições, mas não é nada que não estejamos acostumados. Nos últimos anos temos marcado presença na final four da Taça e meias-finais do campeonato de C.Verde. Não vamos mexer na equipa devido ao cansaço de fim de época. A equipa está bem porque já está habituada a este tipo de jogos,” indica, apontando como maior dificuldade ganhar o regional para estar no nacional.
Isto porque, diz, ao contrario do Boa Vista que já tinha a vaga garantida, o Palmeira tinha de superar as equipas da ilha do Sal, que tem vindo a investir para conquistar as provas regionais. Inclusive, foram buscar jogadores de referência na sua equipa, caso do então melhor marcador, o jogador Kichon, que foi para a Académica e o Zezito para o Académico. “Não foi fácil ganhar o campeonato regional, ainda que a três jornadas do final. Depois entramos no nacional com um calendário difícil – nas três últimas jornadas tínhamos o Mindelense em S. Vicente, a Académica na Praia e o Boa Vista em casa. Eram jogos com uma carga física e emocional forte”, detalha, lembrando que a sua equipa entrou mal na competição, com um empate com a equipa de Sal-Rei.
Toca Leite destaca o equilíbrio verificado ao longo das jornadas, com a maioria das equipas que normalmente fazem menos pontos, caso do Sanjoanense, que este ano chegou às meias-finais. “Era difícil definir candidatos aos títulos no início, sendo certo que à cabeça estavam as potências do futebol nacional, caso do Mindelense, da Boa Vista e Académica da Praia, e o Palmeira, pelo seu percurso. Mas durante o campeonato o Palmeira e o Boa Vista sobressaíram e estão na final, a ser disputada amanhã, por mérito próprio”. O treinador rejeita no entanto qualquer “pressão”por ter ganho a Taça de C. Verde. “Já ganhamos todas as competições oficiais que entramos e estamos a fazer uma excelente época. Caso não vençamos a final, não quer dizer que a época foi negativa.”
“Pendurar” as botas com mais um título
Dez anos depois de conquistar o campeonato nacional com o Mindelense, o jogador Xibaca volta ao “Adérito Sena” para disputar mais uma final, agora pelo Boa Vista da Praia e confessa estar ansioso e nervoso. “Espero que tudo corra da melhor forma e que consigamos atingir o objetivo. Era um sonho conquistar este campeonato em S. Vicente, respeitando o adversário.”
Aos 41 anos, o jogador que já anunciou a sua “aposentadoria”, garante não existir segredos para a sua longevidade no futebol, apenas dedicação, foco e trabalho.“Xibaca é o mesmo jogador de sempre. Pratica desporto e está sempre disponível. Temos um bom ambiente no nosso balneário. Estamos todos focados e concentrados. Esperamos manter essa tranquilidade até o jogo.”
Já o guarda-redes Djão da Palmeira revelou a sua satisfação por estar na final do campeonato. “Qualquer jogador gostaria de estar aqui. Então só tenho de estar alegre. A minha equipa não ganhou os jogos apenas por minha causa. Foi um trabalho conjunto de todos, desde a direção, o treinador, os atacantes, centrais, defesas e só depois o guarda-redes.” Sobre o jogo, diz estar completamente focado e nega qualquer pressão. “Pressão é não ter comida em casa. Jogar é minha alegria”, finaliza.
