Os mandingas de Fonte Filipe decidiram associar-se às plataformas Vale.cv e “Come In Cabo Verde” para promover esta grande manifestação cultural que ganhou São Vicente e o arquipélago. Em conversa com Mindelinsite, Jandir “Sass” Gomes explicou que este pacote inclui os trajes e o desfile no enterro de mandinga, participação em mini-workshop de dança e de percussão, pintura corporal e registo fotográfico.
Depois de quatro semanas consecutivas de desfiles e faltando apenas três, incluindo o deste domingo e o “enterro”, o presidente dos mandingas de Fonte Filipe mostra-se optimista com esta iniciativa que, do seu ponto de vista, visa promover e apoiar os mandingas. “Fomos abordados pelas plataformas para, através deste pacote, incluirmos turistas, emigrantes e residentes que têm interesse em nos acompanhar nos nossos desfiles, mas não sabem como. Através do Pack Mandinga, estas pessoas passam a ter direito a tudo, desde roupas e adereços, aprendem a tocar e a dançar e também ficam a conhecer um pouco da nossa história”, explica Sass, que refere ainda que o convite para integrar esta iniciativa foi também extensivo aos mandingas da Ribeira Bote.
O presidente dos “guerreiros” de Fonte Filipe defende que, com esta abertura, as pessoas poderão ver os mandingas com outros olhos e disponibilizar mais apoios. “Acredito que esta é a ideia por detrás desta iniciativa. E, o melhor, é que foi esta plataforma que nos contactou para fazermos esta parceria e nos ajudar a promover os mandingas e o Carnaval de São Vicente”, pontua. Já na sua página nas redes sociais, a plataforma Vale.cv explica que, a par das novidades referidas, o Pack Mandinga, inclui ainda, como adicionais, aluguer de carro, alojamento, alimentação, viagem entre as ilhas, bancada no dia do desfile de Samba Tropical e no Carnaval, participação nas festas de carnaval de Samba e de Walt.
Numa altura em que os desfiles estão a crescer com adesão de mais pessoas, novos desafios desponta. Em termos de materiais para a confecção do vestuário, Sass afirma que as cordas e adereços são conseguidos localmente, mas o a tinta é importada. “Este ano recebemos um pouco de pó negro, que nos foi enviado dos EUA. Mas ainda há pessoas que preferem o carvão. Depende da pele e também do gosto de cada um. Para o próximo ano pensamos importar maior quantidade e mais cedo para evitar rupturas, até porque a cada dia aumenta o número de pessoas que nos querem acompanhar.”
Aliás, com muitos anos de mandingas, Sass afirma que não tem memória de uma procura tão grande por parte das pessoas, o que aumenta a sua satisfação, tendo em conta que, afirma, trata-se de uma manifestação cultural muito rica. “Infelizmente ainda não sabemos muita coisa sobre o surgimento dos mandingas em São Vicente. Sei, por exemplo, que surgiu por intermédio do Sr. Capote, que tentava imitar algumas pessoas que vieram da Guiné para uma exposição aqui na ilha. Boa parte das pessoas que abraçaram esta ideia, junto com o Sr. Capote, eram originários de Fonte Filipe. É uma historia interessante que gostaríamos de aprofundar e passar para outras pessoas,” assegura.
Quanto aos mandingas de Fonte Filipe, prossegue, após ter iniciado uma revolução interna com mudança dos seus símbolos e bandeiras, pretende continuar a actualizar, sendo esta aliás uma exigência de muitas pessoas. “Neste momento temos uma direção constituída por dez pessoas e, ainda no decorrer deste ano, iremos realizar novas eleições. As pessoas querem mais mudanças e temos de estar atentos e atender a esta demanda porque queremos continuar a melhorar. Tivemos uma reunião há dias e outras pessoas manifestaram interesse em integrar este grupo. Seja na direção ou fora, continuarei sempre a dar a minha contribuição para os mandingas de Fonte Filipe.”
De referir que, em termos de civismo, este ano ainda não se registou qualquer incidente digno de registo nos desfiles de mandinga em S. Vicente.