O Samba Tropical vai homenagear a fundadora Luíza Morazzo no Carnaval 2023 com um desfile que irá retratar os enredos dos 25 anos em que assumiu o cargo de presidente do grupo. Mais do que uma biografia, o Samba decidiu mostrar em 15 alas o esplendor do trabalho executado no sambódromo do Mindelo por essa figura carismática e amante incondicional do Carnaval, que assumiu as rédeas do grémio de 1988 a 2013.
Com o título “Reviver o passado é celebrar duas vezes… Uma história de gratidão na voz de quem a construiu”, o enredo inclui a própria “foliã” como a grande figura de destaque. “A forma como ela será levada para o sambódromo ainda é segredo”, salienta David “Daia” Leite, presidente do Samba Tropical, que promete mais um show memorável. Acrescenta o dirigente do Samba que a música será um produto conjunto de todos os compositores que já trabalharam com o grupo: Vlú, Constantino Cardoso, Jotacê e Anísio. Além destes artistas, o grémio chegou a cantar e dançar sambas orquestradas pelos falecidos músicos Manel d’Novas e Luís Morais nos seus primeiros anos de vida.
Ao ser informada da homenagem, Luíza Morazzo reagiu com espanto. Depois, diz Daia, ela caiu em si e aceitou com emoção esse gesto. “Tanto assim que ficou empolgada e está empenhada nos preparativos”, comenta o porta-voz do grupo, enfatizando que esta é a primeira vez que uma figura do Carnaval é agraciada com um enredo ainda em vida.
O grupo já está com a mão na massa. As costureiras já começaram a “aquecer” as máquinas, a música está quase pronta, mas falta encontrar um local para a instalação dos estaleiros. E outra novidade deste carnaval é que o carro alegórico será concebido e executado pela dupla Boss e Valdir Brito, dois carnavalescos famosos pelo trabalho feito com o grupo Monte Sossego. De resto, a escola de samba voltou a apostar na passista Jéssica Lopes como Rainha de Bateria, e no percussionista Cabol como maestro da batucada “A Majestosa”.
O Samba Tropical inovou também este ano ao decidir apresentar ontem, dia 27, o enredo nos Estados Unidos, o que acontece pela primeira vez. Esta inédita iniciativa visa, segundo David “Daia” Leite, mostrar o apreço que a escola tem pela comunidade cabo-verdiana emigrada. O presidente lembra que os emigrantes fizeram sempre questão de desfilar no grupo desde a sua formação e foram inclusivamente homenageados no show de 2005.
O Samba vai desfilar com o máximo de 1200 foliões distribuídos por 15 alas, sendo duas compostas por emigrantes vindos dos Estados Unidos e da Holanda. O grupo agendou para 10 de dezembro a apresentação do enredo na cidade do Mindelo, assim como as figuras de destaque. Os ensaios começam na segunda semana de janeiro.