Desfrutar o Carnaval – Pic nic na Morada

O Carnaval em São Vicente deixou de ser apenas os desfiles dos grupos de animação e oficiais, batucadas, plumas e purpurina. É também um momento de reencontro e de convívio entre familiares, amigos, conhecidos e visitantes, que por estes dias lotam as casas, residências e hotéis da ilha, mas também de negócios. E foi isso que mais uma vez se viu em algumas ruas de Morada, onde as pessoas literalmente montaram acampamento.

Desde cedo pessoas de todas as idades ocuparam as ruas do centro do Mindelo para ver o Carnaval. As bancadas não davam para receber toda a população e era preciso garantir um bom lugar. Precavidos, nas bolsas e mochilas traziam as bebidas e o farnel para aguentar as horas de espera.

Na rua Machado, mais precisamente na subida da antiga Repartição das Finanças, foram estacionados muitos hiaces, carrinhas e camiões que funcionaram como bancadas, onde sempre cabiam mais uma pessoa. Enquanto os grupos oficiais não apareciam, as pessoas faziam a sua festa particular, com música alta e muita comida. Em suma, divertiam.

“Trouxemos muita coisa. Temos arroz com tudo, spagueti, galinha, cerveja, vinho e sumos. Estamos a fazer a nossa festa”, dizia um condutor de uma viatura Dina, lotada com familiares, amigos e conhecidos de amigos. Mas o Carnaval também cresce como um bom período para o empreendedorismo, um mercado informal crescente. Basta ver o número de mulheres a vender pasteis, croquetes, donuts, pipocas, torresmas…Houve também quem ousou arriscar e trouxe para Morada a sua grelha. “Uma coxinha de frango grelhado por 70 escudos”, anunciava um indivíduo.

Esta movimentação e, principalmente a capacidade dos mindelenses para driblar os constrangimentos, acabou por anular o atraso dos grupos. “Não estamos preocupados com a demora porque estamos a fazer a nossa festa. Enquanto os grupos não chegam, vamos convivendo e ouvindo as músicas que vão animar os desfiles”, afirmava uma família que, sentada no passeio, fazia um pic nic, com direito a brindes ao melhor “Carnaval do mundo”.

O atraso também impulsionou as vendas de bebidas e comidas. É que muita gente não contava que o Carnaval iria se prolongar até à noite. Como fome, o jeito foi recorrer aos balóis para enganar o estômago. “Não trouxemos nada de casa. Mas, felizmente, é possível comprar qualquer coisa na rua, até um prato de comida”, dizia um folião, para quem é esta convivência e o aproveitar das oportunidades que faz o Carnaval especial em São Vicente.

Constança de Pina

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